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QUEM SÃO OS HOMENS DO PROJETO "MEN IN CHARCOAL"?

Os modelos voluntários aceitaram participar do projeto que discute a masculinidade tendo a arte como veículo de reflexão e transformação social. Mas quem são esses homens? Conheça na matéria do Portal Conteúdo!

Men in charcoal

Quando Wilton Oliveira desenvolveu a premissa do projeto "Men in charcoal" não tinha muita noção do quanto a ação seria impactante e relevante no Brasil de 2020 e 2021. A chamada pública feita pelas redes sociais alcançou mais de 85 candidatos. Alguns dos participantes foram convidados pelo próprio autor do projeto para que a proposta abraçasse melhor as mais variadas diversidades dentro do universo masculino.


Essa provocação gerou curiosidade de modelos voluntários de Brasília, Goiás, São Paulo, Pernambuco e outros estados do Brasil, além de países como Espanha, Estados Unidos, França, México e Turquia. Muitos deles se despiram para serem retratados através dos desenhos em carvão de Wilton. São sujeitos brancos, pretos, cis, trans, gordos, magros, atléticos, afeminados ou masculinizados. Eles ensinam significados do que é ser homem e das diferentes masculinidades. As imagens dos desenhos começaram a circular pelas redes e o projeto foi ganhando dimensões maiores, sendo notícia por todo o país.


QUEM SÃO ELES?

GUILHERME THOMAZ foi um dos voluntários. Soube do projeto através de uma reunião com amigos em que um dos temas discutidos era a respeito do que é ser homem nos dias de hoje.


"Nós, homens, aprendemos desde pequenos que homem não chora, porque chorar é mostrar fraqueza. Por algum motivo, procurar ajuda e se abrir são coisas vistas como traços femininos. A sua masculinidade tem que ser vivida do jeito que você é, do jeito que te faz confortável, podendo te deixar bem, inclusive, para ter traços supostamente reconhecidos socialmente como femininos. Uma nova masculinidade que não te diz o que fazer, mas que te mostra que tem certas coisas que devem ser evitadas a qualquer custo, a fim de permitir uma vida mais positiva, completa e saudável para você e a todos a sua volta."


RICARDO NEDIA é psicoterapeuta e artesão e acredita que um trabalho como esse só reforça a liberdade de demonstrar a fragilidade e as emoções dos homens que são repreendidas pela sociedade.


"Tive a oportunidade de ser desenhado duas vezes pelo Will. E ao ver o resultado da última arte, me emocionei. Fiquei impressionado com a sua técnica, a perfeição dos detalhes e principalmente com o amor e a dedicação em que ele coloca em cada retrato que faz. A sensibilidade dele ao representar o olhar, os pequenos gestos, me fez mergulhar profundamente dentro de mim. E tem me ajudado a ressignificar atitudes e crenças que adquirimos ao longo de nossa vida. Um trabalho magnífico! Me deixa muito feliz todo processo que compreende um novo olhar sobre o ser humano. E ser homem em desconstrução nos dias de hoje, vai além da coragem de encarar novos desafios, traz uma nova perspectiva emocional e frágil para ser quem se é.


UBIRATAN VIEIRA é ator e professor e teatro de São Paulo. O que o incentivou a participar do projeto foi justamente a possibilidade de poder falar sobre o que é ser homem e refletir sobre diversidade, respeito, dignidade e compaixão. "O significado do que é ser homem tem se perdido, aliás, já há muito tempo fica meio confuso para as pessoas, porque ser homem representa para a maioria apenas ter falo. Em absoluto isso não é verdade. Vai muito além disso. E o fato da delicadeza da arte feita pelo Will que é justamente para trazer essa sensibilidade e chamar atenção para os detalhes que muitas vezes são esquecidos. Quando vi o resultado fiquei extremamente impressionado com a minuciosidade, delicadeza, riqueza dia detalhes. Fiquei muito emocionado, porque não é o fato único e exclusivamente da arte é também o fato da sensibilidade trazida em uma folha, desenhada em carvão. Recebi muitas mensagens elogiando o trabalho. Tanto de pessoas que me conhecem como de pessoas não não me conheciam."


KOLLINN BENVENUTTI é Técnico em Informática e mora em Santa Catarina. Sobre sua experiência no projeto "Men in charcoal", ele comenta:


"Quando eu fiz minha transição de gênero eu me questionei muito sobre o que é ser homem, sobre o que seria ser homem pra mim, pois o homem da sociedade não me representa. Dessa forma, eu moldurei o 'ser homem' pra mim. Gostei bastante do resultado. Will é genial e incrível, ao ponto que eu e ele estamos com um projeto de fazer em carvão o meu antes e depois da mastectomia, que é a retirada dos seios."


BRUNO NUSPL é bancário, mora em São Paulo e já é velho conhecido de Wilton. Quando soube do projeto, logo ficou empolgado para participar.


"Senti que poderia me libertar de alguma forma, de demonstrar o que eu entendo que ser homem é. Fiquei super feliz com o resultado, me senti liberto de uma série de amarras com meu corpo e com minha mente."


MÁRIO NOVAES é Bacharel em Direito e artista em construção. Seu desenho foi um dos primeiros a ser produzidos e sobre a experiência, ele diz:


"Penso que seja necessário falar sobre a masculinidade e demonstrar que ela não segue um padrão como dizem. Costumamos focar muito no feminino quando falamos de feminismo, e esquecemos de estudar o causador da agressão (homem) e como ele se mostra ao mundo. O Will me deu um espaço importante para mostrar a minha existência e sou muito grato por isso. Ele tem uma sensibilidade e podemos sentir o amor que ele expressa nos traços."


VICTOR BALDINO é de São Paulo, mas está sempre viajando pelo mundo. O que o atraiu ao projeto foi a provocação da pergunta sobre o que é ser homem e o debate que ela pode gerar.


"Acredito que a principal ideia que me motivou a participar foi entender que o projeto buscava principalmente trazer uma grande diversidade entre os participantes, além de ser bem aberto à participação de quem já acompanha o trabalho do Wilton há um tempo. Eu sabia que a qualidade seria ótima e as expectativas já estavam altas, mas ainda assim quando vi o desenho pronto, me surpreendi muito com a qualidade e os traços, principalmente dos detalhes. Fico impressionado com a perfeição dos traços desde os primeiros desenhos feitos com carvão por ele."


JEFF BRAGGA é estudante e soube do projeto por intermédio de um amigo. De acordo com ele, a identificação com a proposta foi imediata.


"Eu me encantei com a ideia, a mensagem e foi dai que não perdi tempo e corri pra participar. Achei incrível a forma que o projeto mostra e fala sobre a masculinidade em geral... Quando vi o resultado, fiquei sem acreditar que era eu mesmo. Chocado como o resultado! Era tão parecido comigo, tão rico de detalhes. Era como se eu estivesse vendo a foto do esboço de tão perfeito."


EWERTON LUIZ é engenheiro e conhece Wilton desde a faculdade. Ele foi um dos convidados a participar da proposta.


"Só vi o trabalho dele quando ele começou a divulgar no Instagram um pouco antes da campanha do livro. Quando a ideia do livro surgiu e veio a campanha para ser um dos modelos, inicialmente fiquei pensando muito na questão levantada pelo projeto: 'o que é ser homem'. Me pareceu uma pergunta simples, porém, ao longo dos dias me peguei refletindo sobre o assunto até que após entendê-lo, decidi colaborar na construção coletiva dessa discussão. Passado esse processo, conversei com o Wilton sobre a vergonha de me expor, mas conversando ele me deixou super confortável com isso e eu topei participar. Assim, minhas motivações foram, principalmente, a discussão do conceito 'ser homem', incentivar a arte independente e pela minha amizade com ele."


PAULO PINHEIRO é artista plástico e modelista. Mora em Recife e sempre foi um entusiasta do nu artístico. Sempre que pode, participa de projetos de diferentes artistas do país. "De quatro anos pra cá, tenho buscado participar dos projetos que abracem além do nu, a diversidade dos corpos. Tanto que nas primeiras conversas com o Will, o tema era a beleza dos diferentes corpos. E o curioso era que eu admirava o trabalho dele e ele admirava as minhas fotos, então o que fiz foi escolher dentre as inéditas qual serviria para o projeto. Mandei umas seis opções e disse a ele que não me revelasse qual tinha escolhido. Então, para mim, a surpresa foi dupla e o encanto também. O resultado me deixou muito emocionado e entusiasmado em produzir mais ensaios e projetos artísticos."


ROGER GUSTAVO é de São Caetano do Sul/SP e é comprador da área da saúde. Sua motivação em participar do projeto se deu pela sensação de afronte e provocação aos padrões de beleza da sociedade e da masculinidade;


"Eu me enxergo dentro de um processo de desconstrução dos padrões de beleza e aceitação e respeito ao meu corpo como ele é e como ele está. Eu brinquei um pouco com essa imagem do homem vitruviano e a reproduzi até como uma crítica a mim mesmo, de aceitar que meu corpo não se encaixa dentro dessa reprodução de 'homem perfeito', mesmo que isso seja uma meta social invisível de um dia se encaixar em corpos magros, esbeltos e masculinos para serem 'mais queridos' ou 'mais desejados'. O que eu não esperava era ao ver meu corpo desenhado pelas mãos do Will, enxergar que meu corpo não precisava ser uma cópia de uma arte. Ele por si só, era uma. O trabalho desse projeto me ensinou a ver o meu corpo lindo como ele é, homem como ele é, sem necessitar de uma busca interminável por uma perfeição."


VICO VINHAL é publicitário e vive em Catanduva/SP. Topou participar do projeto, mesmo sem entender a princípio, quais resultados surgiriam com o passar do tempo.

"Quando soube do projeto Men in Charcoal, estava ainda em uma recuperação de um relacionamento doloroso e tóxico que abalou muito minha autoestima. Quando o Will trouxe o desenho até mim, me vi limpo, puro, de qualquer cobrança ou julgamento - me enxerguei pelos olhos do artista e cai em uma reflexão muito interior sobre o momento que passava quando escolhi a foto do projeto. Sou grato pelo Will de nos abençoar com uma ideia tão sensível e ao mesmo tempo tão robusta, para abrir meus olhos e enxergar o verdadeiro significado de ser 'belo'."

Por fim, não posso deixar de contribuir com meu depoimento, afinal, também fui surpreendido pelos desdobramentos do "Men in charcoal"


JOSUEL JUNIOR (eu) sou ator, professor de artes e comunicador aqui do Distrito Federal. Como colunista do Portal Conteúdo, vi na proposta de Will algo potente, forte e que, de certa forma, dialogava com minha filosofia de vida e com meus trabalhos como produtor de ensaios de nu artístico de Brasília e regiões. Gosto muito de participar dessas ações que investigam e colocam uma lente sensível à nudez humana. Meu encantamento com o projeto se deu pela força que ele tem e pelo argumento essencial para esses sombrios dias do Brasil. Discutir a masculinidade e revelar nosso corpo num projeto seguido por tantas pessoas já é, por si só, a prática da autoafirmação. Curiosamente, enviei primeiro minhas fotos nu. Numa delas, uma foto minha com minha cadelinha, Miuxa Catuxita... Uma companheira de vida e de muitos momentos de alegria, tristeza, festa e solidão. E foi justamente a foto com Miuxa a escolhida. Uma imagem simples, tenra e que não revela meu sexo, minha barriga ou minhas pernas. Revela outro lado de minha masculinidade. O lado de quem fala com voz de dengo com a cachorrinha e que morre de chorar toda vez que precisa levar ela ao veterinário com medo de que ela sofra. Ver esse desenho me arrebatou o coração.


Mais de 85 voluntários participaram do "Men in charcoal"

O projeto está em seus últimos dias de campanha no catarse para se tornar um livro impresso com todos os desenhos em carvão e seus respectivos depoimentos. Vale a pena ajudar porque é um incentivo à arte, é um incentivo aos artistas escondidos em seus ateliês, um incentivo ao livre pensamento e ao livre direito de ser homem como se quer ser.


Contribua! Restam 15 dias e pouco mais de R$2.500,00 para a meta ser alcançada. Qualquer valor é bem-vindo para a difusão da arte e da cultura brasileira. A campanha é tudo ou nada e falta bem pouco para tudo se tornar real.


Acesse e dê seu lance: https://www.catarse.me/menincharcoal

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