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Josuel Junior - Editoria

PRECISAMOS FALAR DE... LUCIANA LOUREIRO

Ela é engraçada e inteligente... Uma verdadeira pesquisadora e entendedora de teatro. Recentemente, foi uma das apresentadoras do programa “Trabalho de Mesa”. Precisamos falar de Luciana Loureiro.

Luciana começou a fazer teatro na escola. Aliás, foi na escola que conheceu o teatro. Quando estava na 6ª série, a menina introvertida passou a olhar com outros olhos o mundo das artes através de um novo professor da época. Essas aulas eram voltadas para a prática teatral e ela logo se fascinou pelos jogos de improviso, a criação de cenas e a produção de pequenos espetáculos. Como os pais não tinham o costume de levá-la ao teatro, o teatro chegou a ela através da arte-educação.


Esse contato com a arte-educação foi determinante para a escolha de sua profissão. No período de vestibular, decidiu cursar licenciatura em artes cênicas. Ela viu na decisão uma possibilidade de sustento, pois é sabido que muitos artistas optam por primeiro experimentar a licenciatura por uma questão de segurança na profissão.


Luciana foi a primeira pessoa de sua família a ingressar num curso superior. Os pais estudaram até a 8ª série. Entrar na universidade e buscar uma formação superior mudou o curso de sua história. Num contra fluxo da sociedade contemporânea, estudar arte, ainda com todos os desafios que a área tem, foi o que proporcionou à profissional ter uma vida mais confortável do que a que teve na infância.


Ao longo de 10 anos, conciliou as atividades de arte educadora e atriz de teatro. Ministrou aulas de arte em diferentes escolas de Brasília, sempre buscando despertar nos estudantes a paixão que um dia lhe serviu de combustível dentro das artes. Muitos de seus ex-alunos prestaram vestibular para artes cênicas e ela confessa que tem uma espécie de orgulho em dizer que é um pouco "culpada" por isso.


VERSATILIDADE

Luciana integrou os grupos Cinicamente Cênicos (formado na época da UnB) e Teatro dos Ventos, no qual trabalhou como atriz e como dramaturga. Mesmo depois da graduação, continuou firme em seus estudos de maneira autodidata. É autora do texto "Personas", classificado em 9° lugar no Concurso de Dramaturgia da Funarte em 2014. Atuou no espetáculo Cenas Absurdas, encenado no Espaço Cultural Teatro dos Ventos em 2019, no próprio espetáculo “Personas”, encenado em 2016 no CCBB de Brasília, no espetáculo “Venenus” (2014), com direção de Fernando Martins, e em “O Outro Lado do Jardim Também Tinha Segredos para Mim” (2006) e "O Terror e a Miséria no III Reich", ambos com direção de Leonardo Shammah. No cinema, atuou nos filmes em curta metragem “Espiral” (2004) e “Centelha” (2007), de Thiago Moysés. Na esfera educacional, foi também coordenadora do grupo teatral Àgora do Colégio La Salle, entre 2009 e 2013.


E as investigações dentro do teatro não param por aí. A relação entre teatro, política e cultura faz parte de seu discurso, sempre assertivo e positivamente professoral. Acredite... uma tarde de gravação com Luciana é quase um workshop de entendimento sociocultural acerca das artes cênicas e do teatro.


Tive maior contato com Loureiro durante as várias gravações da quarta temporada do programa “Trabalho de Mesa”, que foi apresentado em formato de podcast. Os episódios em que ela ajuda a explicar as entrelinhas das obras de Ibsen e Nelson Rodrigues deveriam ser disponibilizados nas ementas de faculdades de arte do DF. Com o humor afiadíssimo e uma oratória que contextualiza obras clássicas ou contemporâneas com o pensamento crítico feminista atual, Luciana dá uma verdadeira aula de poética, ética e racionalização dos produtos artísticos. Vai por mim... é uma verdadeira aula. Acesse!

Fiz à Luciana uma pergunta meio capciosa. Perguntei quais seriam as dificuldades da formação acadêmica e da projeção num "mercado" das artes. Perguntei também em qual esfera ou etapa do caminho ela se enxergava. A resposta não poderia ser melhor e é justamente ela que usarei para encerrar o texto desta semana da coluna “Precisamos falar de...”:

“Hoje me vejo como uma professora-atriz-dramaturga. Acho muito difícil dissociar essas atividades, pois uma alimenta a outra. Em 2020 pretendo aprofundar meus estudos sobre dramaturgia e escrever mais. Além disso, pretendo me dedicar a projetos pessoais como o ingresso no mestrado em artes – há muito tempo sonhado e não realizado.”

Luciana Loureiro

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