A versão de exportação de "Vereda Tropical" entra no Globoplay. Os 167 capítulos originais foram transformados em 115 e disponibilizados aos assinantes sem as vinhetas de intervalo e cenas dos próximos capítulos.
É muito difícil ter muitas referências sobre "Vereda Tropical" sem ser aquelas ligadas aos sites Teledramaturgia, de Nilson Xavier, e Memória Globo. Trata-se de uma novela muito querida por quem a assistiu na versão original, transmitida em 1984, e na versão do Vale a pena ver de novo, transmitida em 1987. Como a última exibição no Brasil se deu há 34 anos, a novela não chegou a se popularizar entre a geração nascida na segunda metade dos anos 1980. Olhando hoje, ela parece bem mais antiga, justamente por não ter muito material escrito sobre ela.
Originalmente, a novela teve 167 capítulos. No Vale a pena, teve 130 e no mercado internacional foi adaptada para 115. É essa versão que a Globo conseguiu recuperar para lançar a trama em alta definição na plataforma de streaming. Algo semelhante ao que ocorreu com "Terra Nostra" e "Estrela-Guia". Vale lembrar que em Portugal as novelas brasileiras eram (e são) exibidas e reexibidas numa ordem meio aleatória. Nos últimos dois anos, por exemplo, tramas como "Quatro por Quatro", "Fera Radical" e "Bebê a Bordo" foram transmitidas ao público português, mesmo sendo consideradas antigas para os formatos atuais. E no início dos anos 2000, novelas como "Vereda Tropical", "Barriga de Aluguel", "Vale Tudo" e "Escrava Isaura" também pintaram por lá pelo GNT. Foi através dessas exibições que os colecionadores passaram a recuperar clássicos da TV em VHS e DVD. Isso bem antes da comercialização de boxes originais com tramas editadas pela Som Livre e Globo Marcas. Recuperar "Vereda" na íntegra, mesmo com versão resumida, é algo muito bom mesmo...
NEM TÃO RESUMIDA ASSIM...
Se considerarmos que as novelas dos anos 1980 tinham em média 37, 38 minutos diários (com flashback do capítulo anterior, abertura, vinhetas de intervalo, cenas dos próximo capítulo e encerramento), ter "Vereda Tropical" em 115 capítulos de 50 minutos sem vinhetas de intervalo e sem cenas do próximo capítulo não significa que a trama tenha sido muito cortada. Provavelmente, suprimiram trechos que não comprometem em nada a narrativa. A parte chata é que colecionador ama ver essas vinhetas. Sem elas, tem-se a impressão de que o capítulo é mais longo do que o habitual. Logo, mais difícil de maratonar muitos em seguida.
SOBRE A OBRA
Escrita por Carlos Lombardi com supervisão de Silvio de Abreu "Vereda" tinha Lucélia Santos, Walmor Chagas, Mario Gomes e Marieta Severo em trama cômica sobre família. Algo que girava em torno da busca pela paternidade - argumento utilizado recorrentemente pelo autor em suas novelas seguintes, como "Bebê a Bordo", "Perigosas Peruas" e "Quatro por Quatro".
Silvana (Lucélia Santos) é uma moça simples. Operária da fábrica de perfumes CPP, destaca-se como líder no trabalho. Lá ela se envolve com Victor (Lauro Corona), filho do dono da empresa, Oliva (Walmor Chagas). Victor morre em um acidente de carro nos primeiros capítulos da novela. Quando Zeca (Jonas Torre) nasce, Oliva decide brigar pela guarda do menino com o avô. Além de Oliva, a novela tem outra grande vilã. Sua filha mais velha, Catarina (Marieta Severo), é orgulhosa e fria e teme que o sobrinho herde toda a fortuna do pai. Outro personagem importante na trama é o jogador de futebol Luca (Mario Gomes), namorado de Silvana. A afetuosa relação do atleta com o menino conquistou os telespectadores.
O romance é abalado por Verônica (Maria Zilda), outra das filhas de Oliva. Ele quase se casa com a jovem, mas a abandona no altar, reconciliando-se com a antiga namorada. Os dois terminam juntos e felizes, e Verônica entra para um convento. O tom de humor de "Vereda Tropical" fez com que o vilão Oliva, em suas investidas para ficar com o neto, não fosse tão malvado assim. Catarina é quem se revelou uma ardilosa vilã, fazendo tudo para afastar Zeca da família.
E AS CAPAS DOS DISCOS, MINHA GENTE?
Os anos 1980 eram uma coisa de doido... A objetificação do corpo feminino como atrativo sexual era algo tão, tão forte que, quando vemos a capa dos dois discos da novela, a gente tem dúvida se tudo aquilo era normal ou se foi um delírio coletivo.
Dentro da trama, havia uma espécie de merchandising em que comerciais do perfume Vereda Tropical entravam aleatoriamente nos capítulos, sempre mostrando mulheres sexys em ilhotas no oceano. Foi esse conceito utilizado para a venda dos discos com as trilhas. Um pouco acima do tom, embora dialogasse com o conceito dos perfumes.
CURIOSIDADES VEICULADAS NO G1:
Três dias antes da estreia, numa sexta-feira à noite, "Vereda Tropical" foi proibida de ir ao ar pela censura, sob a alegação de que não era apropriada para o horário das 19h. Os censores haviam indicado 32 cortes no primeiro capítulo. Na segunda-feira pela manhã, Silvio de Abreu e Carlos Lombardi, acompanhados por dois representantes da TV Globo, desembarcaram em Brasília para conversar com os censores. Após muita negociação, a novela foi liberada;
A produção bateu recorde de audiência no horário das 19h na época. Um perfume com o nome da novela foi lançado no mercado, fazendo sucesso com o público feminino;
Para interpretar o jogador Bertazzo, Nuno Leal Maia, nascido em Santos, em São Paulo, treinou o sotaque dos paulistanos do bairro do Brás;
Maurício Mattar fez uma participação especial no último capítulo da novela como um paquera de Catarina;
A novela foi reapresentada entre 27 de abril e 23 de outubro de 1987, na sessão "Vale a Pena Ver de Novo";
"Vereda Tropical" foi vendida para países como Angola, Bolívia, Chile, Guatemala, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Para quem gosta de analisar novelas e autores, "Vereda Tropical" é uma boa pedida para entendermos como foi a primeira novela de Carlos Lombardi e como ela reverberou na construção de suas transloucadas tramas seguintes.
*Portal Conteúdo com informações do G1.
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