O MERCADO AUDIOVISUAL BRASILIENSE REFLETIDO NO FESTIVAL DE BRASÍLIA
- Josuel Junior - Editoria
- 20 de ago.
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Atualizado: 20 de ago.
Durante coletiva de imprensa realizada no Cine Brasília, o incentivo à produção local e à criação de um Conselho de Cinema e Audiovisual do Distrito Federal se destacaram nas falas de Cláudio Abrantes.

A 58ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro se apresentou de forma simpática e convidativa aos representantes de veículos de comunicação do DF nesta quarta-feira, 20 de agosto de 2025.
Compondo a mesa do festival, Claudinei Pirelli falou em nome do Comitê Gestor do Troféu Câmara Legislativa e anunciou o aumento do Prêmio Câmara Legislativa, que passa de R$ 240 mil para R$ 298 mil. Ao seu lado, o Secretário de Cultura e Economia Criativa, Claudio Abrantes, a diretora geral do Festival de Brasília, Sara Rocha, e o diretor artístico do evento, Eduardo Valente, que apresentou a programação com mais de 80 filmes de diferentes estados, celebrando a diversidade e a força do cinema nacional.
Além da apresentação completa dos longas e curtas que participarão das mostras competitivas, foi aberto espaço para explanação conceitual acerca da escolha dos filmes homenageados e sessões especiais do 58º Festival.
Dois temas sensíveis à comunidade artística chamaram a atenção dos presentes por meio de apontamentos de Claudio Abrantes. O primeiro refere-se à oportunização de trabalho e de visibilidade a cineastas do Distrito Federal, seja por meio de redes de fomento ligadas aos editais já subsidiados via SECEC, como o FAC e PNAB, ou pela prospecção de novas linhas de incentivo ao setor audiovisual que têm sido desenvolvidas pelo órgão por meio de escuta ativa feita com integrantes do setor.
"A gente está aqui vivenciando o Festival mais longevo do nosso país. Nós já subimos a inscrição para os arranjos regionais da ANCINE. O DF se candidatou e estamos esperando a habilitação por parte do órgão. Trata-se de uma ferramenta muito importante para o setor audiovisual brasileiro para que a gente concorra ao teto máximo de investimento de 30 milhões de reais do Fundo Setorial do Audiovisual. Em breve, teremos mais esse recurso específico. O festival, além de um local artístico é um espaço de reinvidicação e ouvimos muito a necessidade da reconstrução de um Conselho Audiovisual do Distrito Federal. Após vários estudos jurídicos, foi criada a portaria de criação do CONCIAVI, que tem como objetivo ter uma escuta permanente e qualificada com a sociedade civil que milita no campo do audiovisual para que, juntamente com a SECEC, a gente consiga deliminar novas ações específicas para a área.", explica Claudio Abrantes, Secretário de Cultura.
Ainda sobre a recriação do CONCIAVI - Conselho de Cinema e Audiovisual do Distrito Federal - o Coordenador de Audiovisual da SECEC, Junior Ribeiro, comenta:
"Essa portaria representa um avanço fundamental para o setor. Ter um espaço de escuta qualificada que reúna representantes de diversos segmentos do audiovisual é essencial para consolidarmos uma cadeia produtiva mais fortalecida, democrática e participativa. O CONCIAVI DF será um instrumento de construção coletiva de políticas públicas que dialogam diretamente com as reais demandas do setor."

Pensando no incentivo a criadores locals, há nesta edição de 2025 um total de 16 filmes brasilienses, sendo cinco longas e 11 curtas-metragens que disputarão os R$ 298 mil em prêmios da 27ª edição do Troféu Câmara Legislativa, que acontecerá entre os dias 15 a 19 de setembro. Os títulos serão apresentados no Cine Brasília e as sessões terão início às 18 horas, com entrada gratuita.
São muitas as apostas da programação de 2025 e destacamos aqui no Portal Conteúdo a exibição de "Assalto à Brasileira", filme dirigido por José Eduardo Belmonte, que é uma adaptação cinematográfica do livro escrito por Domingos Pellegrini. Baseado em uma história real, a obra acompanha um jornalista que se viu envolvido em um dos maiores roubos da história do país: um assalto à mão armada na maior agência bancária de Londrina em 1987. Ambientado em um cenário de crise econômica, o longa tem no elenco nomes como Murilo Benício, Christian Malheiros, Robson Nunes e Paulo Miklos.

Outro tema levantado na coletiva foi a questão das itinerâncias do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro por Regiões Administrativas do DF. As cidades contempladas em 2025 são Ceilândia, Gama e Planaltina. Até a última edição do festival, Samambaia, que é tradicionalmente conhecida por sua efervescência cultural, recebia filmes do festival para exibição no Complexo Cultural da cidade. No entanto, a baixa divulgação local e a ausência de estratégias midiáticas que abracem efetivamente as comunidade vizinhas dos equipamentos culturais faz com que ótimas atrações sejam exibidas nessas cidades, porém, com pouca adesão de público. Sobre esta questão, Sara Rocha, diretora geral do festival, explica:
"É uma preocupação que a gente tem de trazer essa programação de maneira qualificada, integrada, com qualidade técnica e com mobilização de público. Há uma série de mecanismos, como carro de som e sinalização gráfica. Agora, temos parcerias de mídia com o Metrópoles, que vai sinalizar nas grandes saídas (da zona central), tem a programação da Globo que vai trazer as chamadas do festival dentro da grade da emissora e esse trabalho de mobilização de líderes comunitários e de escolas. Pensamos também em oferta de programação com ônibus para que haja mobilidade e contamos, também, com trabalho conjunto junto aos equipamentos da Secretaria de Cultura. A oferta existe, o que faltava eram meios de as pessoas saberem dessa oferta e de como elas poderão chegar lá."
Ainda que benéfico o argumento a diretora geral, vale ressaltar que mais do que a oferta de ônibus ou de programação mais flexível aos públicos das RA's, é necessário dialogar com os veículos populares de difusão cultural local das cidades. Esse movimento é determinante para que as vizinhancas dos espaços que exibirão os filmes tenham conhecimento dessas programações. Existem condomínios prediais imensos nos centros urbanos que circundam os equipamentos culturais das cidades, porém, não muito raramente escuta-se dos moradores desses complexos residenciais a informação de que sequer sabem que tais equipamentos existem e a que tipo de atrações são direcionados. Ainda não há um entendimento vox populi do que ofertado por eles. Neste caso, a questão da mobilidade não chega a ser o principal impeditivo. A população das cidades tem poder aquisitivo, tem carro, tem moto, mas não tem acesso às agendas culturais locais ou a uma sinalização física que demonstre que os complexos culturais existem e que são ativos cotidianamente.

Além desses temas, Sara Rocha destacou o compromisso do festival com acessibilidade e sustentabilidade, reforçando a inclusão como marca desta edição. Eduardo Valente apresentou a programação, que reúne mais de 80 filmes de diferentes estados, celebrando a diversidade e a força do cinema nacional.
Com 60 anos de trajetória, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro segue como um dos mais importantes espaços de exibição, debate e valorização da produção audiovisual no país, reafirmando a intenção da SECEC em reafirmar o Distrito Federal como um dos maiores polos culturais e criativos do país.
PROGRAME-SE
De 12 a 20 de setembro de 2025, o Cine Brasília será novamente o grande palco para a diversidade estética, política e afetiva do cinema nacional, com sessões comentadas, mostras especiais, debates, oficinas e atividades formativas espalhadas também por outras regiões administrativas do DF.
PARA ACESSAR À PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO FESTIVAL, CLIQUE AQUI.






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