Eles fazem o seu show acontecer, a peça de teatro entrar em pauta e o evento ser um sucesso! Mas quem são esses profissionais? Como fazem tudo isso? Conheça um pouco sobre o que fazem os produtores do DF.
Por mais que estejamos em meio à maior crise da indústria cultural dos últimos anos, não devemos nunca deixar de falar desse ofício tão relevante e necessário para a arte e a cultura brasileira.
A capital do país tem apresentado ao público os mais diferentes produtos artísticos, atendendo a vários gostos. Engana-se quem pensa que uma produção cultural é composta por duas ou três pessoas. Compõem uma equipe básica de um festival ou circuito artístico, no mínimo (no mínimo mesmo), umas oito pessoas: o coordenador geral, o coordenador de produção, diretor de produção, o produtor executivo, os produtores operacionais, os assessores de comunicação, os sociais mídias e, claro, os estagiários! O RH de uma produção é bem mais frenético do que imagina nossa vã filosofia editalizada.
No últimos anos, já devo ter passado por uns 20 projetos diferentes… cada um com sua especificidade e modelo próprio de gestão cultural. Lembrando assim por alto, participei de duas edições do EIXO IMAGINÁRIO – ARTE FORA DO PLANO, duas edições do FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DE BOLSO DO DF, uma do BRASÍLIA CÊNICA, outra do BRASÍLIA JUNINA, uma do FESTIVAL POERÃO DO ROCK, duas edições do FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE BRASÍLIA – CENA CONTEMPORÂNEA. Isso sem contar nos espetáculos, campanhas publicitárias e trabalhos temporários, com diárias de freelancer, como VIDAS SECAS, COMPLEXO CULTURAL SAMAMBAIA e OCUPAÇÃO ESPAÇO CENA. Enfim... muita coisa.
Falar de comunicação numa produção cultural parece ser sempre muito abrangente (e é mesmo). Entende-se como comunicação num projeto artístico os campos de assessoria de imprensa, designer gráfico, social mídia (ou mídia internet) e registro de foto e vídeo. Foi-se o tempo em que um assessor de comunicação ficava apenas na missão de garantir uma matéria no jornal. Essa função continua, claro, mas outras novas funções que requerem diálogo com a rede da internet ganham cada vez mais força. Ter o trabalho no papel impresso, aparecer na televisão é ainda muito importante, mas também é importante dialogar com a cultura dos memes, com a transmissão de vídeos ao vivo, criação de conteúdo em formato de stories e tudo mais. É isso que faz com o que novos públicos tenham acesso a um produto artístico que, de certa maneira, já tem seu público cativo. Em produções maiores, há três linhas hierárquicas na Comunicação de Produto Cultural. Sempre deixo isso bem claro em meus contratos para o contratante não se confundir e esperar que uma função supra as necessidades da outra. São elas:
*Coordenação de Comunicação – Que vai gerir todo o panorama da equipe;
*Assessor de Comunicação do Grupo – Que vai delegar as estratégias e alinhar o trabalho prático com Fotógrafo, Cinegrafista, Designer Gráfico, Social Media e Assessor de Imprensa. Ele também irá definir qual é o valor que o grupo irá investir em anúncio pago;
*Assessor de Imprensa – Profissional responsável por entrar em contato com jornalistas, colunistas e redatores de veículos midiáticos, tanto em mídia impressa (jornais, revistas), mídia televisiva, rádio e internet (sites, blogs e portais de cultura).
Por mais que cada produção tenha sua característica, uma coisa em comum é a paixão, o know how e o profissionalismo com os quais esses núcleos atuam na cidade.
E ONDE FICA A EQUIPE DE PRODUÇÃO NISSO TUDO?
A equipe de produção fica enlouquecida em escritórios, fica ligada em todas as redes wi-fi possíveis pra nenhuma coisa errada acontecer. Enquanto alguém gera o release, outros alguéns tiram fotos, fazem vídeos, montam planilhas, cancelam planilhas, remontam planilhas. É uma torre de babel onde cada um tem sua própria língua, mas que no final todas as informações convergem para o mesmo fim.
Os produtores geralmente não dormem. Cafés, guaranás, florais, incensos, lousas brancas, grupos temporários de whatsapp, canetas multicores e calculadoras são itens quase indispensáveis em suas rotinas. Tudo isso para que o público possa desfrutar de um evento onde tudo parece dar certo o tempo todo… mas só dá certo porque outros tantos ficam consertando errinhos e tretas de última hora, sempre com sorriso no rosto e com uma solução rápida para qualquer problema. Sabe aqueles trabalhos em grupo de escola? Produção é quase isso, só que com todo mundo tendo aprendido muito bem o tema pra poder apresentar e arrasar no final.
Outra equipe com a qual convivi bastante foi a da Cena Produções, responsável pela produção de diferentes eventos de Brasília, como o FESTIVAL TODOS OS SONS e o reconhecido CENA CONTEMPORÂNEA. Lá, entre correrias e muitas chamadas ao telefone, qualquer estagiário ou produtor iniciante tem uma verdadeira aula de como fazer um evento artístico.
Vale lembrar que somos nômades... Vale lembrar que estamos vivendo uma frase crise no setor cultural, mas é sempre importante saber que esses profissionais fazem o evento cultural ganhar forma e chegar ao público.
Quer conhecer melhor como funcionam os bastidores de um evento cultural? Comece a fazer parte como público. Desfrute, frua, observe quem são e que fazem aquelas pessoas com camisetas de produção, crachás, fones de ouvido e celular sempre à mão. Leia a ficha técnica presente nos programas impressos, entenda como se dividem as funções administrativas e artísticas. A partir daí você vai saber como funciona um projeto.
Informe-se, forme-se e faça parte do lado de cá. Parece uma loucura recomendar que você se familiarize com planilhas orçamentárias, tabelas cronológicas e o ritmo frenético de um backstage, mas vai por mim… O prazer de ver algo que você ajudou a construir sendo sucesso tem sim um preço adorável!
Comentarios