Trabalhos de nu artístico sempre dão o que falar. Quando são feitos com engajamento, criatividade e carisma sobrevivem ao tempo. É o caso de “[Nu] Objeto” – ensaio da Fábrica de Teatro em parceria com Daniel Fama feito anos atrás.
Volta e meia me perguntam sobre um ensaio fotográfico de Brasília que contou com uma galera pelada podendo usar apenas um objeto na frente dos órgãos genitais. E é nessa hora que dá um orgulho imenso em dizer que participei dessa aventura fotográfica como produtor e como modelo.
“[Nu] Objeto” foi um projeto realizado numa parceria entre o fotógrafo Daniel Fama e a Cia. Fábrica de Teatro. Na ocasião, tive muitas conversas com Daniel até chegarmos numa ideia em comum… Queríamos pessoas nuas usando apenas um objeto que as representasse, fosse ideologicamente ou fisicamente. O primeiro grande desafio foi juntar modelos voluntários que topassem participar dessa proposta. O grande fator motivacional para os modelos participantes e para nós, da produção, foi o discurso de liberdade, de mostrar o corpo dos modelos da maneira pela qual os próprios modelos os veem. Assim, respeitaríamos a individualidade e a personalidade de cada voluntário e abriríamos uma lente de aumento sobre o amor próprio, a diversidade e liberdade sexual e as escolhas de cada um. Deu certo!
SE VOCÊ PUDESSE REPRESENTAR SEU SEXO COM UM OBJETO, QUE OBJETO ESCOLHERIA?
Essa foi a pergunta que o fotógrafo e artista plástico Daniel Fama fez para os artistas inscritos. Cada modelo que passou pela seleção por meio de inscrições anunciadas nas redes sociais tinha cerca de 25 minutos para criar coragem, tirar a roupa, relaxar e se divertir nos bastidores. Em estúdio, fiquei dirigindo o ensaio enquanto Fama clicava nossos ilustres convidados. Rimos e nos emocionamos muito, afinal, queríamos que o ensaio fosse leve, espontâneo, divertido, tanto para quem participasse quanto para quem visse as fotos depois.
O ensaio ocorreu no mês de junho de 2014 em Brasília e contou com a participação de 50 artistas da cidade, entre modelos, atores, músicos e performers, que tiraram a roupa a convite da Cia. Fábrica de Teatro num ensaio divertido e cheio de curiosos resultados. As fotos passaram por uma curadoria e, dos 50 cliques realizados, 25 viraram quadros de uma exposição (de mesmo nome) realizada na Galeria de Artes Dulcina de Moraes, local carinhosamente escolhido para receber o projeto.
Ao todo, foram necessárias 5 diárias de fotografia e 30 horas em estúdio para dar vida às variadas ideias dos modelos, que também se divertiam nos bastidores das sessões querendo saber quais objetos os colegas e amigos haviam escolhido para representar seus corpos. As imagens não foram modificadas digitalmente, valorizando a naturalidade de todos. Artistas como Nobu Kahi, Guilherme Angelim, Juliana Tavares, Xandre Martinelli, Renata Bittencourt e Duka Menezes deram charme e suas marcas ao projeto.
COMO ERA O PASSO A PASSO?
O primeiro passo era o modelo tirar a roupa para quebrar o gelo. Em estúdio, somente o fotógrafo, o produtor/diretor e o modelo. Para os mais tímidos, havia um esquema de deixar o estúdio em penumbra para que o participante de despisse em um biombo e fosse até o local dos cliques. Ali, entre as luzes, geralmente a tensão dava lugar à brincadeira.
Somente em 2014, foram mais de 1 milhão de acessos às fotos na internet. Hoje é impossível calcular quantas pessoas já viram os cliques realizados na capital do país. Sites, revistas, jornais e demais veículos da imprensa deram destaque ao “[Nu] Objeto”, que se tornou pauta de norte a sul. Se você é de Brasília, certamente já viu algumas fotos espalhadas aí pela rede.
“[Nu] Objeto” foi e ainda é um projeto cultural bem sucedido de Brasília. Feito de maneira independente e com boa adesão de voluntários, conseguiu respeito e admiração da classe artística e do público. Há quem peça uma segunda edição do projeto, há quem se inspire no que foi o “[Nu] Objeto” para também produzir ensaios com a mesma temática – Natural para uma ação que viralizou e ganhou o país cinco anos atrás.
E você… se pudesse escolher um objeto para representar seu próprio sexo, o que escolheria?
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