Laiá Laiáru Lerê... "Renascer", uma das mais líricas novelas da televisão brasileira entra no catálogo da Globopay nesta semana. A saga de José Inocêncio marcou os anos 1990.
Um pé de Jequitibá, um jovem determinado a fazer fortuna, um amor inocente e a trágica morte da amada dão início a uma das mais poéticas novelas da televisão brasileira. "Renascer", exibida em 1993, mostra diferentes fases de um produtor de cacau, narrando o desabrochar para a vida e as desavenças da morte.
A novela apresentou a Bahia de uma maneira muito bonita através de longas tomadas ao som da ótima "Lua Soberana", de Sérgio Mendes. Tinha, como toda trama de Benedito Ruy Barbosa, o paralelo entre o rural e o urbano (embora, nesta em específico, o núcleo urbano quase todo migra para a fazenda).
A trama se passa nas lavouras de cacau do Sul da Bahia e tem como mote a história do coronel José Inocêncio (Leonardo Vieira/ Antonio Fagundes). Uma das principais tramas da obra é a relação de Inocêncio com o filho caçula, o renegado João Pedro (Marcos Palmeira). Rejeitado porque sua mãe, Maria Santa (Patrícia França), o grande amor do coronel, morreu em consequência de complicações durante o parto dele. No entanto, é João Pedro quem se mantém ao lado do pai no dia a dia da lavoura, quem o ama e idolatra, apesar de ter todos os motivos para odiá-lo. O problema entre os dois se torna mais forte quando o pai se encanta pela namorada do filho, a misteriosa Mariana (Adriana Esteves), uma das pesonagens que mais chamou a atenção na novela e que sofreu duras críticas da crítica na época, fazendo com que a atriz se afastasse da TV por alguns anos.
Com fotografia exemplar, a novela também falou sobre os outros três filhos do coronel que, coincidentemente, não foram bem sucedidos na cidade grande. No campo poético, a história apresentou o drama do padre Lívio (Jackson Costa), que se apaixona pela catadora de caranguejo Joaninha (Tereza Seiblitz), esposa do inesquecível Tião Galinha (Osmar Prado), um homem simples, ingênuo e ambicioso que, para enriquecer, acredita numa história fantasiosa de que é importante cuidar de um diabo aprisionado numa garrafa. O núcleo dos três mostrou poesia pura na TV.
"Renascer" também ousou ao apresentar Buba (Maria Luisa Mendonça), que começa a namorar José Venâncio (Taumaturgo Ferreira), um dos filhos do coronel, sem revelar que é hermafrodita. Quando ele descobre, o susto é tão grande que ele volta para a ex-esposa, Eliana (Patrícia Pillar). Mas o rapaz não resiste à doçura e à feminilidade daquela pessoa que é o oposto de sua mulher. Até um filho Buba está disposta a adotar para formar uma família perfeita. Após a morte de José Venâncio, ela envolve-se com José Augusto (Marco Ricca), irmão do rapaz. Já a ex-esposa, migra para o campo e se apaixona por Teodoro (Herson Capri), grande inimigo do coronel José Inocêncio.
Destaque também para o simpático Turco Rachid (Luis Carlos Arutin) - um mascate que, segundo a história contada por José Inocêncio, costurou sua pele com linha e agulha, depois de ele ter sido completamente atacado por um bando de jagunços. Ao longo da novela, ele se encanta por Dona Iolanda, (Eliane Giardini), esposa do temido Teodoro.
A novela segue bem até o capítulo 140, quando começa a fase de esticamento da história (a famosa barriga). Algumas tramas se perdem e outras gastam o tempo da novela com situações que pouco se desenvolvem, como é o caso da menina em situação de rua Teka (Paloma Duarte), que aparece na história grávida, dando à Buba a esperança de cuidar da criança e poder ser mãe. Logo em seguida, Morena (Regina Dourado) ganha ares de protagonisa quando tenta adotar um dos amigos de Teka, acreditando ser ele a reencarnação de seu filho falecido. Algumas indas e vindas esticam a novela ao máximo. Nos últimos, com o acidente de José Inocêncio e a fase final de sua velhice, a trama volta a ter sua cor original e a empogação de antes.
A trilha sonora é outro primor. Os dois CD's lançados traziam um repertório belíssimo que até hoje é associado à novela.
A inclusão da trama na faixa de clássicos da plataforma abriu o baú de memórias de Marcos Palmeira, que elege João Pedro um dos principais personagens de sua carreira, o responsável por colocá-lo no rol dos protagonistas.
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