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Josuel Junior - Editoria

PRECISAMOS FALAR DE... LARISSA SOUZA

Ela é atriz, iluminadora, arte educadora e produtora. Está sempre em algum projeto teatral. Paraense, tem firmado o seu nome gradualmente em Brasília. Precisamos falar de Larissa Souza.

Foto: Gaspar Barrios

Eu não se onde vem essa simpatia que tenho por ela. Só sei que tenho. A conheci por intermédio de amigos do Departamento de Cênicas da UnB. Demorou até que trabalhássemos juntos no teatro, porém, as redes sociais nos aproximaram com o passar do tempo.


Larissa Souza é paraense e sempre teve uma relação afetiva forte com Brasília. Desde criança vinha pra cá passar férias. Na época do ensino médio, sua tia a levou para conhecer o departamento de Artes Cênicas da UnB. Ficou encantada com o prédio que, segundo ela, lembrava um aquário. Pesquisou sobre o curso e descobriu que além de ser lindo, o departamento contava com um corpo docente brilhante. Veio pra morar e cursou Artes na UnB. Estudar lá, inevitavelmente, a engrandeceu imensamente como pessoa e trabalhadora da cultura.


O primeiro contato pessoal que tive com ela foi numa oficina do Fórum Shakespeare no CCBB Brasília. Vi ali uma garota sagaz, super inteligente e participativa... Ainda com aquele frescor que temos quando estamos na academia. Tempos depois, ela posou pra um projeto de nu artístico que eu produzi: O Boa Sorte - Um Ensaio. Aos poucos, fui reparando que o nome dela sempre se repetia em diferentes fichas técnicas de espetáculos e projetos de Brasília, como "A Resistível ascensão de Arturo Ui", "As Desajustadas", "Bistrô", entre outros.

Fotos: Duda Affonso/ Nina Quintana/ Daniel Fama/ Reprodução: Facebook

Em 2018, participamos juntos do espetáculo "Jardim das Delícias", do Grupo Liquidificador. Aliás... ali foi a junção de artistas de diferentes estações numa mesma obra. Deu trabalho, pois eram muitas cabeças pensantes com diferentes linhas de trabalho, objetivos e filosofias. O resultado, porém, foi satisfatório. "Jardim das Delícias" é uma daquelas experiências que fazem a gente conhecer mais sobre os colegas de trabalho do que sobre o produto final em si. E isso é muito rico, pois eram potências particulares de muitas personalidades em prol de uma mesma obra artística.


Foi justamente nessa peça que pude ver que e comprovar as potências de Larissa. Sem dúvida, uma atriz com aguçada inteligência cênica, bom improviso, bom trabalho corporal e instrumentalização suficiente para se aventurar nos mais arriscados e inusitados projetos teatrais de Brasília e do Brasil. Não tínhamos uma contracena em si. Havia na estrutura da peça um espécie de junção de atos individuais e coletivos. Como eu ficava muito tempo na coxia esperando os momentos para entrar em cena, não tinha como não observar a dinâmica dos colegas.


Obviamente, nem só de afinidades e de facilidades se faz arte. Ótimas atrizes e ótimos atores enfrentam dificuldades na carreira. Então perguntei à Larissa: Por que é tão difícil fazer teatro?


"Com verbas limitadíssimas e cortes constantes, os artistas do DF ficam desamparados pelo Estado para produzir, mas isso não é impeditivo pra que a gente descubra novas formas, teça novas redes e compartilhe estratégias e experiências de sobrevivência. Muito se produziu em 2019, por exemplo, mesmo sendo um ano escasso de apoios para a classe", pontuou.

Foto: Humberto Araújo

Pensando nessa questão, uma das formas que a artista encontrou para estar dentro das produções e aumentar a renda foi desempenhar mais de uma função na área. Hoje, ela trabalha como atriz, iluminadora, arte educadora e produtora. Ela revela que é importante conhecer as etapas da produção e os profissionais de cada uma delas, pois só assim é possível ter uma noção da complexidade é da construção de um material teatral. 

Recentemente, um projeto dela participou de uma campanha de arrecadação de fundos na internet. Após várias tentativas independentes de circulação de um espetáculo, o Coletivo Maniva conseguiu pautas para realização de 2 sessões no estado do Pará. Foi feita então uma vaquinha online e assim foi possível levar o espetáculo homônimo (Maniva) a seu estado-natal. Desde que os contornos de dramaturgia foram criados, esse desejo já pulsava no coletivo. As questões sociais abordadas em "Maniva" não estão regionalmente restritas às vivências femininas do Distrito Federal, mas se estendem, além de qualquer fronteira, como questão humana também à vida paraense. Um desejo antigo e uma meta batida.

Atrizes de Brasília no Prêmio Web de Teatro do DF - Foto de Nina Quintana

Para 2020, Larissa tem alguns projetos com o Grupo Liquidificador, do qual faz parte. É o ano do 10º aniversário do grupo e o plano é que a comemoração seja com muita criação, produção, circulação e debates sobre os fazeres teatrais. Outro desejo da atriz é voltar a caminhar pela academia. Para isso, já está desenvolvendo sua pesquisa para pleitear uma vaga no programa de Pós Graduação da UnB. Por essa e por outras, precisamos falar de Larissa Souza


"Acredito que fazer teatro, em si, não seja difícil. Sou das que defende a potência do encontro e da criação de redes. Mas fazer de forma profissional, valorando os artistas envolvidos e atendendo ao público de maneira mais democrática, acredito que seja a grande dificuldade."

LARISSA SOUZA

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