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PEÇA-MANIFESTO "A DOENÇA DO OUTRO" FAZ UM CONVITE PARA CELEBRAR A VIDA/ SP

O ator e dramaturgo Ronaldo Serruya une informação e teatralidade, em um solo com uso do videografismo permeando toda a encenação com projeções pelo cenário e figurino.

A Doença do Outro recebeu de seu criador, o ator e dramaturgo Ronaldo Serruya, várias designações: peça-manifesto, palestra performativa, conferência artística, construção ético-estética de um depoimento, mas segundo ele próprio, é uma celebração à vida, antes de tudo. O solo, interpretado pelo próprio autor, coloca em cena a história social em torno da Aids, e sua relação com o diagnóstico recebido em 2014. A peça, que se consolida como uma abordagem sensível para a produção artística em torno do tema, ganha temporada agora no Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo, SP), de 11 de novembro a 11 de dezembro de 2022, de sexta a domingo. Esse texto foi vencedor do 7º Edital de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do Centro Cultural São Paulo (CCSP), em 2019.

Dirigido por Fabiano Dadado de Freitas, A Doença do Outro debate preconceitos, estigmas e, acima de tudo, quebra o silêncio sobre a vida de pessoas portadoras do vírus. “O silêncio não nos protege porque nos escondemos. Se não falo, eu me preservo, mas ao mesmo tempo fico invisível. Mesmo após tantos anos, décadas, a regra do silêncio sempre permaneceu. O desejo da peça é de que um dia ninguém mais precise se esconder nesse armário do HIV, que não precisemos mais de uma lei que defenda o anonimato – lei que defendo porque ainda enfrentamos muito preconceito”, coloca o ator.


Na sua construção do texto, Serruya tem como ponto de partida algumas fontes essenciais: a obra A doença e suas metáforas, da ensaísta e filósofa estadunidense Susan Sontag, que propõe uma análise sobre a história social da doença e como a sociedade enxerga um corpo doente; conceitos do feminismo negro e da teoria queer também aparecem sempre no sentido de pensar como os conceitos de um corpo diverso vão se formando; por fim, há relatos autobiográficos do próprio autor e perfomer da cena, que vive com HIV desde 2014.

Neste solo, a direção coloca a teatralidade e a interatividade unidas: os temas dessa “conversa”, como diz o ator, se apresentam em uma série de jogos com a plateia, permeados pelo videografismo presente em projeções em vários locais, inclusive no figurino.

A Doença do Outro integra a programação do Teatro Mínimo, criado em 2011, pela equipe de programação do Sesc Ipiranga. Depois de três anos sem programação por conta da Covid 19, em outubro, o espaço voltou a receber espetáculos teatrais que discutem a experimentação das linguagens cênicas, além de aproximar fisicamente o público dos artistas, deixando a experiência mais intimista.

Projeto Contato

Conversa

Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/AIDS

Ronaldo Serruya e Fabiano Dadado de Freitas participam de uma conversa no dia 27 de novembro, das 15h às 16h30, na Área de Convivência da unidade Ipiranga, dentro do Projeto Contato, organizado pelo Sesc-SP, para estimular conversas que despertem o autocuidado e o cuidado mútuo, no intuito de promover a saúde sexual e a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (IST).

Na conversa, os artistas apresentam uma análise dos discursos artísticos e produções de narrativas que, ao longo da história da epidemia, tiveram o HIV/ AIDS como recorte temático.

A ideia é traçar uma história social da AIDS por meio das múltiplas linguagens e artistas das mais variadas searas que se debruçaram sobre a questão, além de traçar novas políticas de linguagem para pensar o HIV hoje, perpassando por autores e artistas como Susan Sontag, Michael Foucault, Preciado, Herbert Daniel, Caio Fernando Abreu, Leonilson, assim como as ações performativas do lendário grupo de ativistas ACT UP, entre outros.

Os artistas criaram e idealizaram o projeto "Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/ AIDS" que já contou com oito turmas em formatação presencial e online com apoio de instituições como o Itaú Cultural, SESC SP e Goethe Institut, entre outros.

Ronaldo Serruya é ator e dramaturgo do Grupo XIX de teatro (SP), premiado no Brasil e no exterior, atuando nas peças Hygiene, Arrufos, Marcha para Zenturo, Nada aconteceu, tudo acontece, tudo está acontecendo, Estrada do Sul e Teorema 21. Em 2009, fundou o Teatro Kunyn (SP), para discutir a questão queer nas artes cênicas, onde atuou e escreveu a dramaturgia dos espetáculos Dizer e não pedir segredo, Orgia ou de como os corpos podem substituir as ideias (indicado ao APCA de melhor peça de 2016) e Desmesura (Prêmio Suzy Capó de obra mais transgressora no 25O Festival MIX da Diversidade).

Fabiano Dadado de Freitas é diretor de teatro, ator e dramaturgo. Mestre em Artes pela UERJ, pesquisa performance, política, encenação e a presença dos corpos dissidentes. Seus últimos trabalhos em direção foram A doença do outro e 3 Maneiras de tocar no assunto pelo qual foi indicado aos Prêmios Cesgranrio e APTR de melhor direção. Realizou residências artísticas na África do Sul e na Holanda e ministrou diversos cursos em todo o Brasil, como Copi: dramaturgia em desmesura, pelo Sesc Dramaturgias; curso de DIREÇÃO TEATRAL _ Poéticas da Transgressão; residência artística Teatro de Locação - Pontes pela Ficção, no Festival de Inverno do SESC-RJ, entre inúmeras outras. É colaborador intenso do projeto Museu dos Meninos, sobre a memória e os processos de visibilização da juventude preta favelada. E atualmente é roteirista da série de TV Temporais Constantes.

QUEM FAZ

Idealização, Texto e Atuação – Ronaldo Serruya

Direção – Fabiano Dadado de Freitas

Cenografia – Evee Avila e Mauricio Bispo

Figurino – Luiza Fardin

Luz – Dimitri Luppi

Trilha Sonora Original – Camila Couto

Operação som e vídeo mapping – David Costa

Assistente e operação de luz – Paloma Dantas

Videoarte - Caio Casagrande, Evve Avila e Mauricio Bispo

Produção – Corpo Rastreado

PROGRAME-SE

A Doença do Outro

Sesc Ipiranga (Rua Bom Pastor, 822 – Tel. 3340-2000)

Duração: 60 minutos | Classificação indicativa: 14 anos

De 11 de novembro a 11 de dezembro de 2022

Sextas, 21h30; sábados, 19h30; domingos, 18h30.

Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia); R$ 9,00 (credencial plena)

Vendas a partir de 1º/11.

Projeto Contato

Conversa - Como eliminar monstros: discursos artísticos sobre HIV/AIDS

Com Ronaldo Serruya e Fabiano Dadado de Freitas

27 de novembro, das 15h às 16h30

Área de Convivência

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