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NÃO! O TEATRO DO DF NÃO VOLTOU E ANDA MAL, MUITO MAL. OBRIGADO!

A possibilidade de abertura das salas de teatro após autorização do governo não é, nem de longe, um fator positivo para artistas e gestores culturais do DF. Para abrir, serão necessárias medidas de adaptação que custam caro. Como adotar novas medidas se as contas estão atrasadas há meses?

A romantização de que as artes cênicas do Distrito Federal voltaram à ativa é uma tentativa feroz e cruel e normalizar a situação catastrófica pela qual os artistas e gestores culturais têm passado. Artistas com projetos aprovados em editais foram informados de que haveria flexibilização das entidades fiscalizadores para a adaptação de obras para o formato on-line, bem como para a prestação de contas. Na prática, o que se tem tido é uma sensação de desconfiança por parte dos órgãos diante das tentativas de adaptação dos projetos por parte dos produtores. O artista, mais uma vez, se sente o bandido da história.


Espaços culturais alternativos que são vistos como força empreendedora nas regiões administrativas do DF estão falidos. Alguns não conseguem pagar as contas básicas, quem dirá o aluguel. Para esse retorno romantizado, será necessária uma série de adaptações estruturais que requerem injeção de capital. Como investir em camarins mais seguros, em espaços maiores entre o público, em termômetros (como os usados em mercados) se a maioria dos espaços são espaços multiusos de bolso? Como assegurar que o proprietário/coordenador dos espaços não será penalizado caso a plateia ou até algum artista que use a pauta venha contrair uma doença e, por ventura, venha a morrer?


Alguns pouquíssimos espetáculos estão sendo apresentados no formato drive-in, no entanto, esses espetáculos, em sua maioria, são de companhias mais ricas envolvidas diretamente com grandes marcas da iniciativa privada que custeiam a operacionalização da sonorização, iluminação, transmissão em telões e difusões remotas. O mesmo acontece com os shows de lives. Só tem uma estrutura minimamente profissional quem tem alguma reserva em caixa para pagar aluguel. É cruel dizer que a arte do DF está retomando aos poucos com serenidade e resiliência. A rede de artistas já percebeu que colegas de diferentes cidades estão implorando, quase que diariamente, por doações em contas bancárias. Essas doações nem são mais para o custeio de aluguel. São para a alimentação do pão de cada dia, literalmente. Faça um passeio pelos stories do Instagram de sua rede de conhecidos. Entre um ou outro TikTok há um artista desesperado vendendo seu curso on-line pedindo doações espontâneas para números particulares personalizados. Acredite... R$10,00, R$20,00 que entrem por dia, é para muitos, infelizmente, a única possibilidade de ter uma alimento.


A situação se agrava ainda mais pelo fato de não haver livre concorrência nas pautas de agenda cultural da capital. Se não há quórum de disputa pelo espaço (o que é natural no mercado de trabalho), os isolados grupos que têm uma possibilidade de difusão acabam por representar essa fênix das artes cênicas que renasce das cinzas. Não... essa poesia é dispensada pelos artistas independentes do Recanto das Emas, do Mercado Sul de Taguatinga, da cultura popular de Samambaia e dos bonequeiros do Gama e Santa Maria. Em muitos desses lugares, não há fênix alguma poetizando a poeira, a umidade baixa e a escassez bruta e amedrontadora da necessidade. É importante que isso seja muito claro para o público que gosta e apoia as artes: os artistas não estão bem! Os artistas estão desamparados, deprimidos, desesperados. Reinvenção na prática tem sido, muitas vezes, usar os últimos R$20,00 pra comprar massa de cuscuz e tentar revender pela rede da internet. Reinvenção sem licença poética é, mesmo com uma qualidade de internet ruim, participar de uma live para ver se dentre as 10, 15 pessoas que se propõem a assistir, alguma se prontifica a colaborar com alguma ação. A classe pede socorro no sentido real da palavra socorro!


Edital é lançado... o dinheiro não vem. A readequação estrutural do projeto é autorizada... o aval pra mudança não vem. Enfiar goela abaixo a fábula de que a arte está se reinventando e que o teatro está começando aos poucos porque as lanchonetes e cinemas já abriram é pegar o resto das cinzas e poeiras e jogar nos olhos de quem está tentando enxergar uma luz no fim do túnel há muito tempo!


A Secretaria de Cultura e Economia Criativa volta e meia surge com algumas soluções simpáticas à classe artística. Muitos profissionais passaram por esses seis meses de isolamento social escrevendo e submetendo projetos na esperança de que um dias eles se tornem reais. Houve até a possibilidade de facilitação de crédito pessoal para microempresários do setor cultural... Mais uma quimera.


O Portal Conteúdo, infelizmente, não está mais divulgando notícias sobre lives porque o volume de leituras para esse expediente caiu drasticamente. Talvez isso signifique uma saturação por parte do público. No entanto, se você, artista, quer divulgar seu curso on-line, a venda de uma obra de arte tua ou alguma coisa que possa te ajudar como pessoa e artista, nos envie um e-mail. Não é sempre que dá para publicar tudo o que chega, mas prometemos ler com carinho a sugestão.


As sugestões matérias devem conter Release com 2 ou 3 parágrafos, Fotos de Divulgação e Serviço do Evento/Ação. Basta enviar para falecomportalconteudo@gmail.com . Se vai ajudar à solucionar a situação, não sabemos, mas é o que podemos fazer neste momento.


Força!

Força!

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