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"MULHERES DE AREIA" E "RENASCER" PASSANDO JUNTAS DE NOVO. PARECE QUE VOLTAMOS A 1993... SÓ QUE NÃO!

É... estamos envelhecendo! Sabe quando nossos pais falavam das versões originais de "Mulheres de Areia", "A Viagem" e "Escrava Isaura"? Agora somos nós que falamos as mesmas coisas!

As exibições de "Mulheres de Areia" e "Renascer" em 2024 mostram que o tempo realmente passou. Em 1993, ambas eram contemporâneas. Enquanto a trama clássica de Ivani Ribeiro contava a história das gêmeas Ruth e Raquel, à noite era Benedito Ruy Barbosa que dava o tom bucólico da saga do Coronel José Inocêncio e seu império do cacau em "Renascer". A atração que estava no meio das duas era "O Mapa da Mina", última novela do autor Cassiano Gabus Mendes, que morreu durante a exibição de sua criação.


O curioso é que enquanto "Mulheres de Areia" é reexibida à tarde, na faixa da Edição Especial, "Renascer" é quem ganha uma nova versão à noite. Notadamente, é gritante a qualidade da imagem entre as duas novelas, porém, é a certeza de que o futuro realmente repete o passado. Com "Mulheres", "Elas por Elas" e "Renascer" a Globo tem três remakes em exibição no momento.


"Mulheres de Areia" é a junção de duas novelas da TV Tupi: "Mulheres de Areia" e "O Espantalho". Planejada para estrear em 1992, precisou ser adiada em decorrência da gravidez da atriz Glória Pires, que só aceitou fazer a novela se pudesse levar sua filha recém-nascida para as gravações. A novela foi um fenômeno no horário das seis, marcando inacreditáveis 50 pontos de audiência em sua média. O sucesso da narrativa é inegável. Reprisada com cortes em 1996 e em 2011 no Vale a pena ver de novo (com repeteco em 2016 no Canal Viva), a novela está sendo exibida quase que na íntegra em 2023/2024, suprimindo apenas as cenas que não seriam aceitas no contexto atual, como assédio e linguagens depreciativas, além da abertura, claro, que ganhou um borrão vertiginoso e vinhetas horrorosas.


"Elas por Elas", por sua vez, não agradou ao público e passou longe de ser uma novela leve e divertida. Chegou ao capítulo 100 sem ser ovacionada ou celebrada. Se assemelha a outros remakes que passaram sem grandes alardes, como é o caso de "Guerra dos Sexos", "Irmãos Coragem", "Haja Coração" (Sassaricando) e a bem produzida releitura de "Saramandaia".


Já "Renascer" começou deixando explícita a intenção da emissora: reparação histórica! Reparação histórica na escalação de atores e atrizes pretos para os papeis principais, na demonstração do sincretismo religioso baiano, com grande destaque ao candomblé já no primeiro capítulo e na construção da trama de Buba, que na versão original foi interpretada por uma mulher cis (a incrível Maria Luisa Mendonça) num papel de uma pessoa intersexo, chamada, à época, de hermafrodita. No Brasil de 2024, nada mais justo que alterar essa história para uma mulher trans interpretada pela atriz Gabriela Medeiros, que certamente dará um show por estar melhor alinhada com a personagem. "Renascer" só teve uma reprise na Globo. Foi em 1995 no Vale a pena ver de novo. Anos depois, passou no Canal Viva, mas num período em que o Canal ainda estava crescendo junto ao público.


De 1993 pra cá muita coisa mudou. Enquanto ainda temos carinho por "Mulheres de Areia" nas tardes da TV aberta, a "Renascer" de 1993 correria o risco de ser beeeem criticada no Brasil atual. Não que passemos pano para tudo que "Mulheres de Areia" apresenta. A começar pelo título da novela, que faz alusão direta às esculturas de Tonho da Lua (Marcos Frota) e pela dualidade de Ruth e Raquel (Glória Pires). No entanto, só em 2024 entendemos que o Da Lua (nome depreciativo) é um rapaz com algum grau de autismo. Coisa que precisou de 30 anos pra entrar no imaginário popular. Certamente em caso de remake chamá-lo de Da Lua seria estranho. O machismo também é bem nítido em algumas cenas, que são toleradas apenas pela reprise ser um recorte histórico do que era aceitável nos anos 1990, tanto que algumas cenas do vaqueiro Alaor (Humberto Martins) com sua esposa Malu (Viviane Pasmanter) precisaram ser cortadas, bem como o desejo do "padrasto" Seu Donato (Paulo Goulart) por Glorinha (Gabriela Alves).


O futuro pode até repetir o passado nas reprises, mas nas releituras... o passado tem que ser consertado sim!


PROGRAME-SE

"Mulheres de Areia" é exibida de segunda à sexta, às 14h45

"Elas por Elas" é exibida de segunda a sábado, às 18h30

"Renascer" é exibida de segunda a sábado, às 21h20

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