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MEU CARO VINHO - OS LADOS "A" E "B" DE UM COLECIONADOR

Ele é um amante da boa música brasileira e internacional. Quando criança, em vez de pedir brinquedos, optava pelos discos da moda. Hoje, é referência quando o papo é sobre música e produção fonográfica. Conheça Ivisson Cardoso, o Meu Caro Vinho.

Ivisson Cardoso - Meu Caro Vinho

Ainda menino, começou a ouvir axé music e samba-reggae, com nomes como Luiz Caldas e Sarajane. Com o tempo, foi apresentado ao pop rock do sudeste, conhecendo Blitz e outras estações do início da década de oitenta.


Tempos depois, se deu conta de que era um colecionador. Ou melhor... um super entendedor dos álbuns, das capas, dos estilos, das estratégias de marketing que cada disco teve em sua época.


Como pesquisador, faz parte de seu trabalho desvendar essa história de ponta a ponta: O que motivou o artista a gravar o disco, por qual motivo escolheu aquele produtor, como se chegou na seleção do repertório, a pretensão do lançamento e assim por diante. E é justamente essa característica que o transforma numa referência entre amantes de bolachões. Ele trás essa sensibilidade de saber que todo disco conta uma história e que, para entendê-la, é preciso passar por casa canção, afinal, se ela está incluída num álbum é porque tem ali seu propósito.


Atento, namorava as capas dos LP's minuciosamente, observando os detalhes, as fotos e as diagramações todas e ligava os nomes dos cantores às músicas antigas que ouvia. Conheceu Baby Consuelo assim, ao acaso... depois de já gostar da música dela cantando o tema de Emília, do Sitio do Picapau Amarelo. Aos poucos, essas associações e histórias que atravessavam as frentes da indústria cultural passaram a virar objeto de estudo e de vida.


"Quando eu vi aquela cara de Pepeu Gomes na capa do disco 'Masculino e Feminino', de batom, exibidindo os músculos com guitarras presas nos braços, aquilo me cativou. Eu queria entender o que ele estava tocando e porque está abordando aquele assunto", comentou em entrevista ao projeto 'Som de Peso'.


Ivisson Cardoso, mais conhecido como Meu Caro Vinho, é formado em letras e também jornalismo cultural. Começou escrevendo sobre música como um hobby. Teve um blog, assinou coluna em revista especializada e hoje é bastante ativo na internet. Sempre com bons comentários a respeito do universo musical.


"Desde criança, Quando eu ganhava um Lp, eu ouvia aquele disco incansavelmente. Vira o lado, virava outro. Eu queria respirar cada sulco, cada minuto. Um LP não era o suficiente pra mim, logo eu queria outro pra conhecer esse outro."

Essa investigação e atenção aos detalhes, típicas de todo bom colecionador, revelou boas surpresas nas tardes e tardes diante da vitrola, conforme comentou em entrevista ao "Som de Peso":


"Eu nunca me esqueço que eu tava ouvindo o disco do Trem da Alegria no sofá de casa com o LP no braço. Era uma música de combate chamada 'Jaspion-Chancheman', um hino de guerra! A música tem essa pegada acelerada. Tem um trecho que vai pra um lugar que parece uma montanha russa. E eu pensava: Como eles conseguiram fazer isso? Aí puxei o encarte e fui ler que era Lincoln Olivetti, que já tinha feito arranjo pra Alcione, Ronnie Von, José Augusto, Rita Lee, Gal, Gil... E comecei a prestar atenção em outras músicas. De tanto você escutar aquele tipo de arranjo, vc vai aprendendo a ouvir mesmo."


Em alguns vídeos e posts, é possível notar que Meu Caro Vinho é um cara super animado que coloca seus discos pra tocar na vitrola, seja em festas ou lives e até mesmo em casa. Perguntamos a ele se essa peformance de discotecagem faz parte de seu trabalho


"Sou movido a música e isso desde sempre. Não é apenas ouvir por ouvir, gostar por gostar. Há um sentido maior, mais profundo, mais intenso. Me eleva. Faz parte de mim, do que eu sou, assim como a cor da minha pele ou da minha orientação sexual. É por isso que quando eu discoteco, acabo tendo reações que para alguns pode parecer incomum, DJ's normalmente não são muito de dançar, bater palmas ou expressar contentamento com aquilo o que reproduzem em seus equipamentos. Na certa, porque quando sou convidado a tocar eu só toco o que faz sentido pra mim."


Recentemente, lemos uma entrevista que Meu Caro Vinho cedeu ao blog "Crítica Musical na Web", de Ítalo RIchard. Nela, ele comenta que falar da Xuxa e do universo pop infanto-juvenil sempre o deixa em maus lençóis pelos críticos. Talvez porque haja uma ala mais conservadora no hall das analíses fonográficas no Brasil. Perguntamos, então, se há um planejamento das postagens, se ele pensa em distribuir os temas como pertencentes a MPB, a Soul Music, ao universo pop, às produções infantis. Sobre essa criação de conteúdo, responde:

"A motivação para publicar meus textos vem dos lugares mais inesperados. Às vezes vem de conversas entre amigos, do que eles me sugerem, de uma música que escuto no rádio, de alguma playlist que pintou nos serviços de streaming. Não é algo necessariamente planejado, mas gosto de variar, justamente, para não me permitir me engessar dentro de uma coisa só. Eu escuto de tudo mesmo, desde música baiana a música infantil da década de 80 que foi de onde partiu meu apreço, meu gosto... Quando falo que escrever sobre Xuxa e Mara Maravilha me bota em maus lençóis é justamente pela visão que se tem sobre o trabalho feito fonograficamente por estas artistas, como se fosse algo de menor valor intelectual, como se não houvesse nada ali de proveitoso. Sempre me disseram que eu sujava minha imagem falando dessas coisas, que eu não iria a lugar nenhum. Foi ouvindo música infantil que eu descobri Lincoln Olivetti e contrariando especialistas, fui convidado por Mary Olivetti, sua filha a estar presente no lançamento da série 'O Mago do Pop', produzida pelo canal Music Box Brazil, tocando tudo isso que julgam de ruim. Ela poderia escolher qualquer DJ famoso com um repertório adulto, mas foi a mim que ela escolheu pra tocar o que todos renegam no gênero infantil." Quer conhecer melhor o Meu Caro Vinho? Acesse as redes sociais dele e esteja atento aos conteúdos que ele compartilha. Há sempre uma boa dose de nostalgia com muitos conhecimentos e muitas revelações sobre o univerno musical.


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