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FOTONA - O MAIOR NU ARTÍSTICO DO CENTRO OESTE

Uma ótima ideia do Festival Cena Contemporânea que contou com super produção: Um guindaste, muitos seguranças, o fotógrafo Kazuo Okubo e 115 pessoas nuas em plena Esplanada dos Ministérios... Algo que jamais seria feito nos dias de hoje!

Foto: Kazuo Okubo

O 18º Cena Contemporânea - Festival Internacional de Teatro de Brasília - teve direção de produção e curadoria de Alaôr Rosa. Essa edição realizou uma ação artística que sobreviveu ao tempo. Idealizada e concebida por Diego Ponce de Leon, que assinava a coordenação de Atividades Formativas da edição de 2017, a foto de nudez coletiva foi uma maneira de fazer uma intervenção e uma performance local em proporções nunca antes vistas na capital do país.


Intitulada como FOTONA, a ação seria uma resposta à censura sofrida pelo artista Maikon K, que foi detido pela Polícia Militar enquanto executava a performance DNA DE DAN, onde ficava nu dentro de uma bolha. Para as autoridades locais, a performance, que estava dentro de uma Mostra Artística, foi considerada imprópria, mesmo com a produção apresentando as autorizações da apresentação. A paralisação da performance do artista gerou repercussão negativa junto ao governo e a sociedade. O então governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, chegou a emitir um ofício de retratação com pedido de desculpas a Maikon K.


Com todo esse histórico recente, a organização do Cena Contemporânea entrou em contato com o artista para que apresentasse novamente a performance, dessa vez sob a chancela do festival. Para a FOTONA, Diego Ponce de Leon convidou Maikon para posar com mais de 100 outras pessoas no mesmo local: O Setor Cultural Sul, na grande área de concreto do Museu da República, em plena Esplanada dos Ministérios.


O fotógrafo convidado para registrar a maior foto de nu artístico do Centro-Oeste foi Kazuo Okubo, um dos profissionais mais atuantes da fotografia de Brasília e do Brasil. Kazuo havia feito uma sessão de fotos com casais nus em diferentes pontos da capital. As fotos com os casais ganharam as redes e foram bem recebidas pela crítica especializada.

Registro da Equipe da Casa da Luz Vermelha e Cena Contemporânea

Para a realização da ação, uma grande equipe de logística e produção precisou ser organizada. A assistência de coordenação e produção da Fotona ficou a cargo de Josuel Junior, que já havia produzido outros ensaios de sucesso de nu artístico coletivo no DF. Com a parceria firmada com a Companhia Fábrica de Teatro (responsável pelos populares ensaios "[Nu] Objeto", "Que gosto tem seu beijo?" e "Boa Sorte: um ensaio") foi fácil conseguir modelos que já haviam posado para os projetos dela. Na fase de divulgação das inscrições, o Cena Contemporânea contou ainda com o apoio do Portal Atores da Depressão.

Fotos: Rômulo Juracy e G1

No dia das fotos (e com toda documentação assinada pelas autoridades locais), os modelos voluntários começaram a chegar ao Museu da República para uma pequena palestra com Kazuo Okubo e para as instruções finais. Equipes de Estagiários se asseguraram que todos eram maiores de idade. Na hora das fotos, muitos seguranças garantiram o bem estar dos participantes, que caminharam nus por todo o espaço até o local dos cliques. A presença da imprensa e de outros fotógrafos foi inevitável. A ousadia do projeto, que mesclava arte, protesto e discurso em prol da diversidade, estava presente em todo o momento.

Fotos: Rômulo Juracy

Do alto de um guindaste, Kazuo Okubo dirigiu as fotos com os pelados de Brasília. Na parte de baixo, com o auxílio de um megafone, o idealizador Diego Ponce orientava os modelos, que eram auxiliados por profissionais em solo. Ao todo, 115 pessoas participaram da fotografia. Todo o processo de cliques durou menos de 40 minutos.

Fotos de Drone - Via Thiago Sabino

As fotos, divulgadas já no dia seguinte, ganharam a internet e a imprensa. Muitos grupos contrários à liberdade de expressão protestaram nas redes, mas a força da arte, da fotografia e do discurso da diversidade foi maior do que o discurso de ódio.


A FOTONA foi realizada em setembro de 2017 e muito dificilmente um evento semelhante poderá ser realizado com as mesma estrutura durante a gestão do atual governo brasileiro. Esse ensaio representa um período em que, mesmo com algumas dificuldades operacionais e entraves jurídicos, ainda era possível fazer arte livre nas grandes paisagens de uma Brasília que ainda respirava os ares da democracia.

Fotos: Kazuo Okubo

CENA CONTEMPORÂNEA 2017

Festival Internacional de Teatro de Brasília

Realização: Cena Produções Culturais LTDA.

Coordenação Geral: Michele Milanni

Direção de Produção e Curadoria: Alaor Rosa

Coordenação de Atividades Formativas: Diego Ponce de León

Assistente de Coordenação de Atividades Formativas: Josuel Junior

Produção Executiva: Ana Luiza Bellaosta, Camila guerra, Carmen Mee, Chico Sant’Anna, Gilmar Batista, Josuel Junior, Lidi Leão, Mirella Dias, Rose Nugoli e Sergio Martins.


*As fotos de registros de bastidores foram realizadas por fotógrafos da equipe da Casa da Luz Vermelha, G1 DF e do Festival Cena Contemporânea - via Thiago Sabino e Rômulo Juracy.



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