EXPEDIÇÃO MANGUE SECO - 35 ANOS DEPOIS DE TIETA
- Da Redação
- 15 de abr.
- 6 min de leitura
O sucesso da reprise de “Tieta” fez Mangue Seco voltar a ser notícia nacional. Com o fim da trama no Vale a pena ver de novo, artistas do DF e de SP farão uma expedição especial sobre o vilarejo 35 anos depois da novela.
A novela Tieta, em atual reprise no Vale a pena ver de novo, tem surpreendido até os mais otimistas em relação à audiência, mobilizando o público e tendo forte apelo popular nas redes. No mês de fevereiro, a transmissão chegou a bater picos de 20.8 pontos no capítulo 47 – o que é muito além dos padrões comerciais da faixa da tarde.
Por dia, estavam sendo exibidos dois capítulos originais condensados em um, com poucos cortes para readequação ao horário. Prevista para terminar em abril, o fim da reprise foi prorrogado para 16 de maio. Com isso, os cortes diminuíram para manter a trama no ar.
Inspirada no livro de Jorge Amado, lançado em 1977, “Tieta” desponta como uma das maiores audiências da história da Globo. A exibição original, entre 1989 e 1990, gerou também sucesso comercial com a venda de produtos de beleza, roupas, acessórios, discos e fitas. Entre 1994 e 1995, “Tieta” esteve em cartaz no Vale a pena ver de novo pela primeira vez. A trilha sonora foi novamente comercializada numa edição especial, elevando consideravelmente a audiência da faixa de reprises. Após essa exibição, a novela escrita por Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn chegou a passar apenas para a Globo Internacional em 2003, enquanto no Brasil a novela em cartaz foi “Anjo Mau”. Reprisada também pelo Canal Viva em 2017, um possível retorno na era digital parecia impossível, até que a Globo anunciou a reexibição como parte das comemorações dos 60 anos da emissora.
Para a reprise, além do uso de inteligência artificial na imagem para adequação aos padrões atuais, a Globo optou por não exibir a abertura da novela, numa ação até então inédita. Em seu lugar, um encerramento curto com os créditos gerais dos autores, diretores e elenco. O Ministério da Justiça recomendou, inclusive, que a exibição da trama fosse após as 21h quando exibida na TV aberta, sendo reclassificada para maiores de 14 anos, sob Despacho n°19/CPCIND/SENAJUS. Porém, uma coisa é certa. “Tieta” ainda se faz presente na memória afetiva do público. A obra, que é puro suco do universo de Jorge Amado, traz em si a brasilidade em forma de literatura, de telenovela e de cinema.
Rodado em 1995 (ano em que a novela estava sendo reexibida na Globo), o filme “Tieta do Agreste”, de João Ubaldo Ribeiro, Antônio Calmon e Cacá Diegues, teve Sônia Braga como protagonista e dividiu opiniões com aqueles que viam em Betty Faria uma representação tão forte da personagem nas telas. Ambas as obras apresentam conceitos e linhas estéticas distintas em suas composições, cada qual com suas qualidades, afinal, Tieta, a personagem, já faz parte do imaginário do Brasil. Para aqueles que amam o livro, a Tieta loira fruto da imaginação do leitor. Para aqueles que amam a novela, a Tieta do lenço vermelho e dos figurinos estonteantes de Betty. Já para aqueles que amam o filme, a Tieta nua e crua de Sônia com suas perucas e o icônico chapéu amarelo e vermelho.
Uma coisa é comum nas três obras (livro, novela e filme): O encantamento por Mangue Seco. Mangue Seco das dunas, dos caranguejos, do rio Real, da praia e das cabras. Esse Mangue Seco, tão bem explorado na TV e no cinema ainda é motivo de curiosidade e mistério. Se Santana do Agreste é um lugar que não existe no mapa, o que seria equivalente à cidade de onde Tieta foi expulsa quando moça? A Pontal, bairro de Sergipe? Ao povoado de Coqueiro, no município de Jandaíra? É isso que dois artistas, um de Brasília e outro de São Paulo, vão descobrir.
A busca por uma Santana do Agreste imaginária e pelas imagens sedutoras que podem ser vistas atualmente nas tardes provocou a curiosidade do ator e colunista de cultura Josuel Junior e do artista visual Arthur Scovino. Juntos, os dois irão explorar por uma semana o vilarejo baiano a fim de revisitar a Mangue Seco do imaginário de Jorge Amado. E o projeto tem um nome: EXPEDIÇÃO MANGUE SECO.
Por uma semana, produzirão conteúdos exclusivos que culminarão num artigo e em um mini doc, que será disponibilizado nas redes sociais na última semana da transmissão da novela. Tudo pensado para encantar o público saudoso e os turistas que pretendem visitar o local.
A pesquisa começou há alguns meses. Arthur e Josuel mergulharam no universo de “Tieta” para a expedição que irá visitar as locações escolhidas pelo designer Hans Donner para a composição da vinheta de abertura da novela, casas que serviram de fachada para algumas cenas da primeira fase da trama, moradores que acompanharam de perto as gravações das duas obras (na TV e no cinema), além da produção de um verdadeiro guia turístico para quem também quer se aventurar no bucólico cenário a céu aberto.
“A expedição Mangue Seco pra mim é a materialização de um sonho antigo, que começou na infância com a novela e depois as inúmeras leituras do meu livro preferido de Jorge Amado. O que tenho até aqui são construções imaginárias desse lugar paradisíaco na divisa da Bahia com Sergipe, que me gerou mil fantasias. Agora, aos 44 anos, a viagem à Mangue Seco é uma oportunidade de reencontrar um pedaço de mim mesmo, que foi moldado pelas histórias de Tieta do Agreste”, comenta o artista visual Arthur Scovino.
Com uma câmera na mão, microfones, celulares reservas, iluminação e muita criatividade, os responsáveis pela Expedição Mangue Seco sabem que o público é fiel e que bons noveleiros e bons cinéfilos não esperam menos do que uma cobertura visualmente exuberante e explicativa.
“Há um entendimento geral, quase senso comum, de que a novela foi inteiramente gravada em Mangue Seco, assim como o filme. O que mostraremos é aquilo que todo apreciador de obras audiovisuais gosta: a contextualização histórico-cultural do local. Mangue Seco é muito mais que ‘Tieta’, isso sabemos... mas sem ‘Tieta’, Mangue Seco não seria a mesma coisa. Queremos mostrar o passo a passo para se chegar ao Vilarejo, como funciona a travessia de rio para a península, qual a distância real de um lado (do rio) para o outro (da praia), além de entender o que o turista precisa saber para também fazer suas expedições com seus amores, seus amigos e suas famílias, na criação de suas próprias memórias”, explica o ator e colunista Josuel Junior.
O lançamento do projeto nas redes sociais ganhou repercussão. O teaser anunciado conta com ilustrações do próprio Arthur Scovino numa releitura das cenas da abertura com a atriz Isadora Ribeiro, que também compartilhou o projeto em seu perfil no instagram. Aliás, haverá também a criação de novas obras de Scovino no próprio local.
Os desbravadores de Mangue Seco ficarão hospedados na Pousada Fantasias do Agreste, que auxiliou no contato com a Prefeitura de Jandaíra, município responsável por Mangue Seco e que também é um dos apoiadores da expedição. A Secretária de Turismo do local, Jealva Ávila, é uma das entusiastas da ação.
“Queremos que o público (seja o público leitor, o da novela, o do filme ou até mesmo aquele que busca por roteiros de viagem no Youtube) chegue a esse material e entenda o básico: Como se faz para chegar, onde se hospedar, onde comer, o que visitar, quanto gastar, como passear a pé, de bugge, de quadriciclo. É um guia de viagem com a licença poética de Jorge Amado. Todo mundo ama essa coisa de antes de depois. Queremos mostrar como está Mangue Seco depois de ‘Tieta’, mas não aquela de 1989, a Tieta que a gente pode ver agora, na contemporaneidade. Vai ter homenagem às cenas clássicas? Claro! À cena da Tonha, às cenas da primeira fase... É uma expedição para acharmos onde foi parar a Santana do Agreste que, na novela, ficou debaixo da areia. Quem gosta de poesia vai se identificar”, finaliza Josuel.
EXPEDIÇÃO MANGUE SECO
Realização: Portal Conteúdo
Parceria: Josuel Junior e Arthur Scovino
Apoio: Ateliê Scovino, Fantasias do Agreste - Pousada & Restaurante, Nosso Folhetim e Prefeitura de Jandaíra
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