A EDIÇÃO DE 2025 DO FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA TEM UM FRESCOR DIFERENTE. QUER SABER POR QUÊ?
- Josuel Junior - Editoria
- 15 de set.
- 9 min de leitura
A abertura trouxe um glamour diferente. Parecia mais leve, mais despretencioso. Com sorrisos, filas, homenagens e reencontros, a 58ª edição do festival já mostrou a que veio logo na estreia.

Quem é brasileiro, cinéfilo ou apenas apreciador da produção artística nacional já acordou feliz hoje ao saber que o longa "O Agente Secreto" tornou-se o representante brasileiro na disputa do Oscar. A categoria "Melhor Filme Internacional" mexeu muito com todos mediante a força e a repercussão de "Ainda estou aqui", de Walter Salles. Agora, com o filme de Kleber Mendonça Filho, a esperança pelo reconhecimento internacional volta a ser alimentada.
O filme abriu o 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Parte do elenco esteve presente numa noite de gala informal, dando brilho e leveza à cerimônia. Quem participou ou acompanhou edições anteriores pode perceber que havia algo diferente. Ainda que pomposo nos quesitos estrutura e logística, o festival começou mais simpático e convidativo neste ano. Será que o retorno do evento ao mês de setembro propiciou essa sensação? Talvez... Porém, havia no ar uma brincadeira em comum. Enquanto artistas chegavam com suas assessorias e produtoras, outros artistas de Brasília se reencontravam no foyer no Cine Brasília. Ambientes instagramáveis (como o orelhão que remetia ao cartaz do filme) desburocratizaram as fotografias oficiais, dialogando com o público tradicional e também com novos públicos. Jornalistas e comunicadores que foram cobrir o evento estavam, na verdade, desfrutando do ambiente, parando, volta e meia, para realizarem suas coberturas particulares e institucionais. Teve repórter tranquilão comendo sua pipoquinha, blogueiros e blogueiras passeando com bastões de led entre as filas, produtores culturais locais se abraçando e celebrando uma noite quente e bonita. É como se algo tivesse voltado ao seu lugar de origem.
Embora eu não tivesse ido para cobrir o evento e sim para aproveitar a estreia, foi interessante ver essa nova geração de admiradores do cinema nacional chegando. Dou aula de produção audiovisual e encontrar na fila de acesso ao cinema um aluno do curso me fez ter a noção de que a arte tem chegado forte nas periferias e que as periferias querem dialogar com o que há de novo no circuito. De Samambaia, encontrei Israel Fujiwara, jovem participante do projeto "De Olho no Futuro" que pegou o metrô e chegou ao Cine Brasília ansioso por assistir ao filme de estreia. Israel comentou que comprou o ingresso logo que o sistema foi liberado e lamentou que seus amigos não tivessem tido tempo para tal. Pela primeira vez no evento, viu de perto os artistas, sempre curioso com os próximos passos da cerimônia, observando o estilo da festa e o funcionamento do festival. Isso denota a importância de se mudar as estruturas de produção para que o acesso seja, cada vez mais, convidativo ao público jovem.

Havia, claro, um protocolo, mas havia também a possibilidade de quebrá-lo. Foi assim com a extensa cerimônia de boas-vindas realizada na sala Vladimir Carvalho. Luiza Garonce e Fabrício Boliveira apresentaram a noite repleta de bons momentos. Destaco aqui a homenagem mais que merecida prestada a Chico Sant'Anna pela ABCV – Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo. Um dos mais queridos e atuantes atores de Brasília, Chico construiu uma trajetória sólida e premiada. Estreou profissionalmente em 1980, ao lado de Bibi Ferreira em "Gota d’Água", e brilhou em montagens como" Arlequim" e "Cru", que lhe rendeu o prêmio de melhor ator no Festival de Teatro do Rio. No cinema, foi premiado no Festival de Pernambuco por "Simples Mortais" e recebeu indicação na mesma categoria no Festival de Gramado por "O último cine drive-in". Atuou em títulos como "O pastor e o guerrilheiro", "Cano Serrado" e "Uma vida em segredo". Na TV, participou de novelas e minisséries marcantes como 'Velho Chico", "JK", "Felizes para sempre" e "O Rei do Gado". Mas falando assim não dá para descrever como é reencontrar Chico no saguão do cinema. A alegria era a de rever um amigo querido que, entre beijos e abraços, esbanjava simpatia e amorosidade. Essa parte a gente não registra em foto ou vídeo, mas ela existe e aquece nosso coração.

A quebra de protocolo também se repetiu com o discurso do Secretário de Cultura Claudio Abrantes. Tudo ali corroborava para a informalidade positiva, desde a vestimenta despojada às palavras vibrantes de quem também estava feliz e desfrutando a festa. Destaco também as atuações de Claudio e de Junior Ribeiro, Coordenador de Audiovisual da SECEC DF. Ambos, figuras com forte comprometimento com Planaltina, cidade do DF, têm levado sempre um tom mais alternativo e ameno de gestão junto à Secretaria, sem que com isso seja diminuído o caráter de seriedade no compromisso pela excelência dos trabalhos. Tudo isso se deve, principalmente, porque é notória a veia artística dos profissionais para além dos desafios da produção e da gestão cultural.
Por falar em Planaltina, no dia 13 de setembro foi feita a abertura do festival na cidade, marcando as itinerâncias e exibições fora do Plano. Em cerimônia realizada no Complexo Cultural, a dupla reforçou, mais uma vez, o comprometimento com as periferias e com a execução de ações voltadas às comunidades.
MAS, E O FILME?

O filme é uma hecatombe de sensações! Uma surra de história recente do Brasil, mostrando toda a nocividade da ditadura, que fere, agride e transforma narrativas por meio do autoritarismo. "O Agente Secreto", diria, é um fime propício para o atual momento do país. A exibição no dia 12 de setembro EM BRASÍLIA teve um significado mais forte ainda pelo julgamento do STF que ocorreu por toda a semana. O elenco, muito bem representado, tem momentos potentes ao longo da película. Tânia Maria, atriz potiguar e moradora do povoado Cobra/RN é, para mim, o maior acerto poético-narrativo da história. Com uma leveza atroz, a personagem Sebastiana pega o público pela mão na condução de momentos-chave para o entendimento da obra. Já torcendo aqui por alguma premiação para a artista, que infelizmente não esteve presente na cerimônia. Até me arrisco a dizer que se ela tivesse comparecido seria entrevistada mais disputada pós-sessão.
Aliás, creio que se tivesse começado um pouco mais cedo, a disposição do público, jornalistas e artistas teria sido maior. Como o filme terminou por volta da meia-noite, muitas pessoas que dependiam do metrô (que funciona até as 23h30) precisaram sair mais cedo e, com isso, não desfrutaram da praça de alimentação e do show oferecido pela programação. A vontade de permanecer existia, mas o horário do término realmente afugentou o público da parte aguardada: a confraternização. Fica aí a dica para o encerramento e para as próximas edições: realizar o evento prevendo o prazo limite do transporte público, visto que isso afeta consideravelmente a mobilidade do público que o utiliza.
No mais, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro segue empolgando e conquistando novos adeptos, desde os que fazem produções audiovisuais até os que adoram assistir ao que é desenvolvido pela indústria cinematográfica ano após ano.
No dia 18, compareceremos de novo para a exibição de outro aguardado filme nacional: "Assalto à Brasileira", de José Eduardo Belmonte. O elenco também virá para a exibição, que promete empolgar o público.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DOS PRÓXIMOS TRÊS DIAS
16/09 (TERÇA)
09h30 • FESTIVALZINHO
Notícias da Lua – Sérgio Azevedo
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
Seu Vô e a Baleia – Mariana Elisabetsky
Baú – Matheus Seabra e Vinícius RomadelExibição com legenda descritivaLocais:– SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA– Complexo Cultural Planaltina
11h • MOSTRA 60 ANOS DO FESTIVAL DE BRASÍLIA
Homenagem a Fernanda Montenegro
A Falecida – Leon HirszmanExibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
11h • MOSTRA BRASÍLIA
Terra – Leo Bello
Notas sobre a identidade – Marisa Arraes
Vozes e vãos – Edileuza Penha de Souza e Edymara Diniz
Local: SESC 504 SUL
14h30 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Faísca – Bárbara Matias Kariri
Laudelina e a felicidade guerreira – Milena Manfredini
Quatro Meninas – Karen Suzane
Local: SESC 504 SUL
15h • MOSTRA CALEIDOSCÓPIO
Palco Cama – Jura Capela
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
15h • MOSTRA BRASÍLIA
O bicho que eu tinha medo – Jhonatan Luiz
A brasiliense – Gabriel Pinheiro
O fazedor de mirantes – Betânia Victor e Lucas Franzoni
Mil Luas – Carina Bini
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
17h • MOSTRA FESTIVAL DOS FESTIVAIS
Cais – Safira Moreira
Local: SESC 504 SUL
18h • MOSTRA BRASÍLIA
O bicho que eu tinha medo – Jhonatan Luiz
A brasiliense – Gabriel Pinheiro
O fazedor de mirantes – Betânia Victor e Lucas Franzoni
Mil Luas – Carina Bini
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
19h • CINE CÉU
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
O Auto da Compadecida 2 – Guel Arraes, Flávia
Local: Complexo Cultural Samambaia
19h45 • MOSTRA BRASÍLIA
O bicho que eu tinha medo – Jhonatan Luiz
A brasiliense – Gabriel Pinheiro
O fazedor de mirantes – Betânia Victor e Lucas Franzoni
Mil Luas – Carina Bini
Exibição com legenda descritiva
Locais:– SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA
19h45 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Boi de salto – Tássia Araújo
Couraça – Susan Kalik e Daniel Arcades
Corpo da Paz – Torquato Joel
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
21h • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Boi de salto – Tássia Araújo
Couraça – Susan Kalik e Daniel Arcades
Corpo da Paz – Torquato Joel
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
17/09 (QUARTA)
09h30 • FESTIVALZINHO
Papaya – Priscilla Kellen
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
09h30 • FESTIVALZINHO
Notícias da Lua – Sérgio Azevedo
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
Seu Vô e a Baleia – Mariana Elisabetsky
Baú – Matheus Seabra e Vinícius Romadel
Exibição com legenda descritiva
Locais:SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA– Complexo Cultural Planaltina
11h • MOSTRA BRASÍLIA
O bicho que eu tinha medo – Jhonatan Luiz
A brasiliense – Gabriel Pinheiro
O fazedor de mirantes – Betânia Victor e Lucas Franzoni
Mil Luas – Carina Bini
Local: SESC 504 SUL
14h30 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Boi de salto – Tássia Araújo
Couraça – Susan Kalik e Daniel Arcades
Corpo da Paz – Torquato Joel
Local: SESC 504 SUL
15h • MOSTRA CALEIDOSCÓPIO
Atravessa minha carne – Marcela Borela
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
15h • MOSTRA BRASÍLIA
Rainha – Raul de Lima
Dizer algo sobre estar aqui – Vaga-mundo: Poéticas Nômades
Maré viva maré morta – Claudia Daibert
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
18h • MOSTRA BRASÍLIA
Rainha – Raul de Lima
Dizer algo sobre estar aqui – Vaga-mundo: Poéticas Nômades (coletivo)
Maré viva maré morta – Claudia Daibert
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
19h • CINE CÉU
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
O Auto da Compadecida 2 – Guel Arraes, Flávia
Local: Complexo Cultural Samambaia
19h • MOSTRA COLETIVAS IDENTIDADES
Pau D’arco – Ana Aranha
Local: SESC 504 SUL
19h45 • MOSTRA BRASÍLIA
Rainha – Raul de Lima
Dizer algo sobre estar aqui – Vaga-mundo: Poéticas Nômades
Maré viva maré morta – Claudia Daibert
Exibição com legenda descritivo
Locais:– SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA
19h45 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
A pele do ouro – de Marcela Ulhoa e Yare Perdomo
Cantô meu alvará – Marcelo Lin
Aqui não entra luz – Karol Maia
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
21h • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
A pele do ouro – de Marcela Ulhoa e Yare Perdomo
Cantô meu alvará – Marcelo Lin
Aqui não entra luz – Karol Maia
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
18/09 (QUINTA)
09h30 • FESTIVALZINHO
Notícias da Lua – Sérgio Azevedo
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
Seu Vô e a Baleia – Mariana Elisabetsky
Baú – Matheus Seabra e Vinícius Romadel
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
09h30• FESTIVALZINHO
Hacker Leonilia – Gustavo Fontele Dourado
Quando a Gente Menina Cresce – Neli Mombelli
Exibição com legenda descritiva
Locais:– SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA– Complexo Cultural Planaltina
11h • MOSTRA BRASÍLIA
Rainha – Raul de Lima
Dizer algo sobre estar aqui – Vaga-mundo: Poéticas Nômades
Maré viva maré morta – Claudia Daibert
Local: SESC 504 SUL
14h30 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
A pele do ouro – de Marcela Ulhoa e Yare Perdomo
Cantô meu alvará – Marcelo Lin
Aqui não entra luz – Karol Maia
Local: SESC 504 SUL
15h • MOSTRA CALEIDOSCÓPIO
Uma baleia pode ser dilacerada como uma escola de samba – Felipe M. Bragança e Marina Meliande
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
15h • MOSTRA BRASÍLIA
Dois turnos – Pedro Leitão
Três – Lila Foster
A última noite da rádio – Augusto Borges
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
17h • MOSTRA FESTIVAL DOS FESTIVAIS
Vasta natureza da minha mãe – Aristóteles Tothi e Inez dos Santos
Local: SESC 504 SUL
18h • MOSTRA BRASÍLIA
Dois turnos – Pedro Leitão
Três – Lila Foster
A última noite da rádio – Augusto Borges
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
19h • CINE CÉ
A história de Ayana – Cristiana Giustino e Luana Dias
O Auto da Compadecida 2 – Guel Arraes, Flávia
Local: Complexo Cultural Samambaia
19h • MOSTRA COLETIVAS IDENTIDADES
Notas sobre um desterro – Gustavo Castro
Local: SESC 504 SUL
19h45 • MOSTRA BRASÍLIA
Dois turnos – Pedro Leitão
Três – Lila Foster
A última noite da rádio – Augusto Borges
Exibição com legenda descritiva
Locais: SESC GAMA– SESC CEILÂNDIA
19h45 • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Ajude os menor – Janderson Felipe e Lucas Litrento
Assalto à brasileira – José Eduardo Belmonte
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Complexo Cultural Planaltina
21h • MOSTRA COMPETITIVA NACIONAL
Ajude os menor – Janderson Felipe e Lucas Litrento
Assalto à brasileira – José Eduardo Belmonte
Exibição com legenda descritiva e audiodescrição
Local: Cine Brasília – Sala Vladimir Carvalho
Josuel Junior para o Portal Conteúdo.






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