TERRA PLANA - UMA DISTOPIA TEATRAL BRASILIENSE
Distopia teatral de grupo brasiliense faz retrato ficcional de sociedade negacionista em espetáculo-jogo interativo onde público decide trama ao eliminar participantes de reality sombrio.

Em um futuro próximo, num país indefinido, um decreto do Estado determina que a terra é plana. Entre várias outras alterações impostas por uma nova constituição a população segue um regime rígido de leis que impõe uma nova ordem nacional.
É a partir desta premissa que a Casa de Ferreiro Companhia de Teatro apresenta seu mais novo trabalho. Construído de forma totalmente remota, sem nenhum encontro presencial, o grupo brasiliense estreia na próxima sexta, dia 30 de abril o projeto “Terra Plana”, uma distopia futurista virtual que será vivenciado pela internet.
Nomeado como experimento-cênico-virtual, a narrativa apresenta um reality show popular na terra plana, onde, anualmente, seis prisioneiros recebem a chance de obter misericórdia por seus crimes. A escolha, como é de praxe em programas de realidade da TV, é o ponto de ligação entre o elenco e o público que irá escolher em tempo real a partir das dinâmicas dramatúrgicas elaboradas pelo grupo, quem será o prisioneiro digno de receber perdão.
A estrutura interativa chama a atenção pois além de inserir plateia como um personagem determinante para o desenrolar da estória, impõe uma lógica surpreendente que faz com que a cada apresentação, o final do experimento seja distinto, de acordo com os participantes que o espectador eliminar ao longo da experiência virtual.
Qualquer semelhança com a realidade objetiva brasileira - que estabelece paulatinamente novas regras de convivência e derruba padrões morais antes tidos como ideais - não é mera coincidência. Entre os crimes praticados pelos participantes condenados à prisão perpétua estão: crime de ideologia de gênero, pederastia, adultério, pornoterrorismo e aborto. Temas que vem criando fissuras marcantes e reforçando a polarização ideológica no Brasil ao longo da última década.
Ao lidar com a pandemia, o processo de criação da obra seguiu em constante transformação. Ao encontrar limitações para a continuidade de um espetáculo idealizado para ser apesentado de forma presencial, o grupo precisou inúmeras vezes se reinventar e flertar com as linguagens e possibilidades que o cenário mundial de isolamento impôs.
A equipe se apropriou da linguagem dos reality shows para a montagem do espetáculo. Atualmente, é sabido que essa linha de shows tem inflamado debates contemporâneos a partir de programas como Big Brother, atingindo seu ápice de influência no tecido social contemporâneo durante a pandemia.
Desde o início a dramaturgia seria claramente um tratado sobre a intolerância e o teor ditatorial que, cada vez mais, ganha espaço nos discursos políticos. A ideia era colorir com cores gritantes os rascunhos de um futuro aterrorizante, mas cada vez mais próximo.
O trabalho terá curta temporada que se encerra no dia 02 de maio, domingo e será transmitido de forma por aplicativo que pode ser baixado gratuitamente pela internet. PROGRAME-SE
TERRA PLANA
INGRESSOS PROMOCIONAIS LIMITADOS:
https://www.sympla.com.br/terra-plana__1192583 De 30 de abril a 02 de maio, sempre às 20 Direção Geral, Dramaturgia e Edição: Bruno Estrela
Direção Técnica, Assistência de Direção e Assistência Dramatúrgica: Leonardo Rodrigues
Elenco: Bárbara Horrana, Jefferson Leão, Juliana Cavallari, Luciana Rodrigues, Marcellus Araújo, Mônica Gaspar e Silvia Viana
Participações especiais: Cristiano Moutella, Laura Pace e Marizilda Dias Rosa.