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PRECISAMOS FALAR DE... PÂMELA ALVES

Ex-moradora do Riacho Fundo/DF, ela participou do grupo Cabeça Feita, fez Dulcina, fez UnB, investigou a arte da palhaçaria e decidiu se mudar para o Rio de Janeiro. Hoje, a atriz e produtora faz parte do Grupo Nós do Morro. Precisamos falar de Pâmela Alves.

Arte sobre foto de Alê Persan

Ela é visceral. Docemente visceral. A conheci na Faculdade Dulcina e simpatizei de cara com aquela menina tímida que tinha sangue nos olhos. Bastava um improviso e a força de Pâmela Alves se condensava e ganhava forma. Éramos muito novos e estávamos todos tentando achar um norte para sua vida artística. Tivemos algumas aventuras típicas dos estudantes de artes... Seminários, coreografias de última hora, confecção de máscaras de gesso, vinho no gramado do teatro e calourada de novos colegas. Olhando agora algumas fotos antigas, alguns suspiros dobrados chegaram forte quando percebi que não somos mais os mesmos (ou somos, sei lá). O tempo passou...


Ela começou a carreira artística em 2007 com um curso de verão da Cia Circo Íntimo, no Espaço Cultural Renato Russo. Foi lá que participou de sua primeira montagem: “Faces da Terra”. Em seguida, entrou no grupo teatral “Cabeça Feita” integrado pelos atores e diretores, Cristiane Sobral, Silvia Paes e Edson Duavy, onde permaneceu por 1 ano. No afã de estudar cênicas na UnB, fez antes vestibular da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Lá cursou dois semestres enquanto tentava entrar na federal.


Depois de algumas tentativas, passou na universidade que tanto queria. Deixou de pegar a linha 172 (sentido rodoviária) para pegar a linha 176 (sentido L2 Norte). E foi esse o trajeto que fez por quase cinco anos.


Pâmela diz que é junção das duas instituições em que estudou. Ela sugava ao máximo os ensinos de cada mestre. Na UnB, foi bolsista do Projeto de Extensão e Ação Contínua Cometa Cenas - Mostra Semestral de Artes Cênicas, pesquisadora voluntária do PEAC Núcleo de Trabalho do Ator - NUTRA por 3 anos. Pelo Nutra, tinha treinamento técnico, treinamento de criação, dança pessoal e estudo prático de palhaçaria duas vezes na semana. Foi no NUTRA, por sinal, que nasceu a Barbyrrenta, sua palhaça, que a ensinou muito e que serviu de tema para seu TCC.

Cerimônia de Formatura - Acervo Pessoal

Em sua diplomação, sua turma fez o espetáculo “Quem disse que não” dirigido pelo professor Marcos Motta e pela professora Alice Stefânia. O espetáculo era constituído de várias cenas interligadas pelo tema "Negação". Entre elas, uma cena denominada “Pentes”, que deu origem ao espetáculo “Pentes”, e posteriormente ao grupo Embaraça, bastante atuante na capital.


Mas Pâmela queria mais... Queria alçar novos vôos


Após se formar, mudou para o Rio de Janeiro com o objetivo de integrar o grupo Nós do Morro.


"Trouxe no bolso minha fé, coragem, 300 reais e muita gana para continuar fazendo minha arte. Trabalhei por 4 anos de madrugada em Albergue para me manter e continuar estudando. Trabalhava de madrugada e estudava e ensaiava durante o dia".


No Rio, Pâmela participou dos espetáculos “Um pedido de casamento”, dirigido pelo ator Rafael Andrade e “O casarão”, dirigido pelo ator e diretor Tiago Uriart. O aperfeiçoamento é gradativo. Estuda dança, canto, inglês e produção cultural. Aliás, foi no exercício de produção que aprendeu a produzir e se produzir... E assim nasceu seu primeiro solo: "Dandara sou eu", baseado na figura lendária Dandara dos Palmares.


"A história de Dandara, assim como de tantas outras mulheres negras foi se perdendo ao longo dos anos. Por isso, mesclei minha história pessoal com a de Dandara dos Palmares, enxertei minha trajetória nas lacunas da historia de Dandara e ganhei prêmio de melhor dramaturgia no festival Aslucianas, em 2019".

455 Macbeth - Foto de Chico Lima

Lembra do objetivo inicial dela ao se mudar para o Rio? Pois é... Deu certo! Recentemente, esteve em cartaz com o espetáculo “455 Macbeth”, dirigido pela diretora Adriana Maia, e está há 2 anos no grupo Nós do Morro. Logo logo, após o período de pandemia do coronavírus no Brasil, irá se preparar para mais uma temporada do espetáculo "Eles não usam Black tie", também do Nós do Morro. A artista também está na produção do espetáculo “Solano, Vento Forte Africano”, escrito pela Geovana Pires e pela atriz e poetiza Elisa Lucinda.


Seja em Brasília ou no Rio, neste momento em que fazer arte é resistir, precisamos falar de Pâmela Alves!

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