Monografia, TCC, PIBIC... O que os estudantes de Artes do DF têm pesquisado na academia? Hoje o Portal Conteúdo fala com Giovanna Lisboa, que está no oitavo semestre do Curso de Licenciatura em Artes Cênicas da UnB.
Um dos grandes momentos de um estudande de artes na academia é justamente o de poder apresentar e defender seu TCC. Com a pandemia, muitos formandos não passaram e não passarão por essa experiência de forma presencial. As articulações e as estratégias de pesquisa e defesa têm sido realizadas de modo on-line. Pensando nisso, o Portal Conteúdo abriu espaços para que possam falar de suas pesquisas e motivações acadêmicas. Dessa forma, mesmo que não acompanhemos as defesas de monografias pessoalmente, damos uma força na divulgação desses trabalhos e dessas investigações, mostrando o que pensa a nova geração de fazedoras e fazedores de arte do DF.
Para abrir esse espaço destinado a estudantes de instituições de ensino superior de Brasília, temos uma entrevista com Giovanna Lisboa, que está no oitavo semestre do Curso de Licenciatura em Artes Cênicas da UnB. O tema de monografia escolhido por ela é: "Paradoxo de repetição e espontaneidade (conjunctio oppositorum de Grotowski) no fazer docente como potência para relações dialógicas".
Giovanna, do que trata a pesquisa?
"O fazer teatral costuma envolver uma relação entre aquilo que é estruturado em ensaios, como partitura ou linhas de ações, e aquilo que é imprevisível, a noção de irrepetibilidade do acontecimento teatral. Da mesma maneira, o fazer docente navega pelas mesmas dimensões de repetição e espontaneidade. Assim, na monografia eu tento articular a ideia de como o entendimento da relação paradoxal destas duas dimensões do trabalho cênico pode potencializar as relações em sala de aula numa educação democrática e dialógica, por conceber um planejamento poroso, que pode e deve se atravessado pelos dialógos com o corpo discente." Por que esse tema, Luana?
"Escolhi esse tema por ter consciência de que não há como separar o meu fazer artístico do meu fazer docente, e ainda mais, por entender que ambos se afetam, se contagiam, interverem um no outro. E, por conta disso, o meu estar em sala de aula se mostra, na verdade, como estar em cena, como num estado de jogo, num estado de troca e diálogo com o corpo discente. Pensar dessa maneira me ajuda a conceber uma sala de aula mais democrática, onde se crie um ensino poroso e aberto às intervenções de discentes. Imagino os discentes como parceiros de cena e vou criando caminhos para uma educação que prezo. Uma educação de diálogo, onde a gente se junta em sala para construir conhecimentos juntos e em relação uns com os outros."
Quais as dificuldades durante a pesquisa?
"Não consigo desassociar minha escrita com o momento que vivemos hoje. Então a maior dificuldade foi encarar as demandas de uma produtividade acadêmica, tendo que encarar e viver todos os dias a situação pandêmica. Receber as notícias de mortes, as ações de um governo genocida, o medo, o cuidado excessivo, a paranoia... A saúde mental de ninguém está imune dessa situação. E como deixar isso tudo transpassar para a nossa escrita, não é mesmo? Fica a questão de como ainda produzir um trabalho acadêmico, praticar uma escrita e uma pesquisa que seja relevante para a sociedade. Passava muito tempo tentando entender como o meu fazer docente e artístico, assim como a escrita, se relacionam com a sociedade, com o mundo."
E os desafios do Ensino Remoto?
"Tive bons momentos no ensino remoto. É um campo completamente novo, então muitas vezes a gente tem que empenhar muita energia para aprender sobre outras ferramentas. Em Artes Cênicas, a gente começa a mexer em câmeras, programas de computador, edições de vídeos... Tudo isso. É um processo muito cansativo. Mas, por outro lado, nesse movimento de ter que desenvolver outras habilidades a gente se vê sem limites. Acabei de sair de um processo em que o grupo empenhou muita energia e dedicação. E no fim, conseguimos levantar uma quantidade imensa de material artístico (de todos os tipos: música, vídeos, desenhos, fotos, montagens), que provavelmente não teríamos levantado em regime normal. Mas convenhamos, nós somos do teatro. A presença e o convívio fazem muita falta para a gente. Estar numa sala de ensaio, trocar, sentir a energia de seu colega são coisas que a gente não consegue fazer. Sinto que essa distância mexe um pouca em nossas relações. A gente precisa fazer muito mais pra se sentir perto de nosses companheires."
Depois da apresentação do TCC/ da Monografia, quais são suas expectativas?
"Nossa profissão é cheia de incertezas e nos últimos tempos, se mostra mais ainda. Eu tenho real desejo de ser arte-educadora e estou focada nisso, assim como num possível mestrado. Também estou na aventura de completar a dupla habilitação, terminando o bacharelado. Por enquanto, o foco é continuar os estudos, de uma maneira ou outra, seja estudar para concurso ou para o mestrado."
Se você é estudante de Artes Cênicas, Artes Visuais, Dança, e Teatro da UnB, da Dulcina, do IESB ou dos IFB's, envie sua pesquisa para falecomportalconteudo@gmail.com. Faça como Giovanna e explique direitinho as etapas dessa investigação.
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