César Ferreira, artista de Valparaísso de Goiás, monta galeria com fotos debaixo de uma ponte, ressignificando o espaço e e provocando reflexão do público.
O artista César Ferreira colocou 24 de suas fotos debaixo de uma ponte da cidade de Valparaíso de Goiás.O objetivo principal é ressignificar o local, que é muito mal conservado, e atrair pessoas para verem as fotografias. .
Valparaíso é uma cidade com mais de 160 mil habitantes e quase não oferece opções de lazer e arte. O artista e professor, de 28 anos, cresceu visitando Brasíia e sempre se incomodou com as poucas opções de fruição de arte na região.
No último final de semana, concluiu a colagem de 24 fotos em grande formato nas paredes de contenção da ponte sob a linha férrea que liga dois dos bairros da cidade.
"Como sou fotógrafo, senti a necessidade de compartilhar minhas fotos além das redes sociais, que por sua natureza, tornam trabalhos incríveis em números efêmeros de curtidas. A Arte Urbana, por outro lado, interage diretamente com a cidade e com as pessoas que por ela circulam e é capaz de ressignificar os lugares onde as obras estão - a fisicalidade as torna parte da arquitetura e provoca um novo olhar em quem interage com esses objetos urbanos. A Galeria da Ponte é ao mesmo tempo uma Instalação e Intervenção artística.", defende César.
As experimentações não são de hoje... César começou a interagir com Arte Urbana em 2019, quando espalhou cincofotos em grande formato no bairro em que eu cresceu. Segundo ele, a grande inspiração foi o Beco do Batman, uma travessa situada na Vila Madalena, bairro de São Paulo, onde centenas de grafites foram espalhados pelos muros. Agora, em 2020, o Beco do Batman foi todo pintado de preto em protesto pela morte do artista NegoVila.
Ao todo, são 24 fotos separadas em dois grupos, um para cada lado da ponte. A técnica de colagem utilizada foi a do Lambe-lambe, que é de fácil aplicação e muito barata. Cada foto é composta de 16 folhas A4 e cada uma precisou ser recortada e colada individualmente. São 384 páginas no total.
"As fotos escolhidas têm dois temas: Como o lugar é utilizado como ponto de descanso por trabalhadores diversos, escolhi fotos de nuvens, que fiz durante a quarentena em casa. É um desejo de um bom sono, nas nuvens. Do outro lado, há fotos que fiz de amigos dançando com um tecido leve na beira do Lago Paranoá, antes da Pandemia. A escolha aqui é uma brincadeira: quando o trem passa, há um espaço entre os vagões e é possível ver uma foto de cada vez. Cria-se a ilusão de movimento. Um sonho, eu diria."
O projeto, totalmente independente, foi executado por três pessoas: César Ferreira, Natália Ferreira e Camilla Russi. Foram duas semanas de trabalho e as fotos levaram 3 dias para serem coladas.
"Espero que outros artistas de Valparaíso se inspirem no trabalho e também espalhem suas artes pela cidade; é porque na ausência de um museu, são os muros de uma cidade que exibem seus artistas.", finaliza o artista.
Se você mora em Valparaíso e tem curiosidade de conhecer a galeria de perto, proteja-se, use máscara, leve seu álcool em gel e aproveite a vista. Há um link no Google Maps para ajudar a localizá-la: https://goo.gl/maps/VgJ6an5mZgu3aXxx9
Siga o artista nas redes: @cesarquermostrar
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