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MOSTRA DULCINA - COMO TUDO COMEÇOU

Hoje ela está em sua 31ª Edição, mas você sabe como tudo começou? O Portal Conteúdo fez uma série de matérias especiais sobre a tradicional Mostra Dulcina, onde muitos atores iniciantes puderam experimentar os palcos.


Até o final da semana, você, leitor do Portal Conteúdo, encontrará reflexões , depoimentos e imagens que procuram registrar traduzir e compartilhar as vivências artísticas da Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Por questões de organização e de referência bibliográfica, as matérias especiais da Mostra Dulcina mostrarão os primeiros 6 anos de atividade desse evento tradicional de Brasília, dando ênfase às 13 primeiras edições, realizadas entre 2005 e 2011.


A ideia inicial de fazer essa matéria se deu após leitura do livro METAMORFOSES DA CENA - Inventário Cênico da Mostra Dulcina e Festival Dulcina de Cenas Curtas. Trata-se de uma publicação impressa realizada pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e o Instituto Educar e Crescer. A organização e produção editorial é assinada por Francis Wilker e o catálogo foi produzido em julho de 2010 em Brasília. Foram impressos na época mais de 100 exemplares do inventário, porém, por motivos desconhecidos, nos períodos de transição da gestão administrativa da FADM as caixas com os livros desapareceram. Para realização desta matéria, foi realizada uma breve conversa ao telefone entre Josuel Junior (editor do Portal Conteúdo e produtor de algumas edições da Mostra Dulcina) e Francis Wilker (um dos criadores, coordenadores e entusiastas da Mostra). Os dois, por trabalharem diretamente nas ações do evento, possuem alguns exemplares, que se tornaram raros por não serem distribuídos ao público na época. Esperamos que gostem dessa revisitação da cena teatral acadêmica brasiliense. Muitos espetáculos provavelmente não serão citados por falta de uma referência bibliográfica. Os programas e filipetas catalogados e organizados por este editor que vos escreve datam apenas de 2006 em diante. Durante uma semana, serão veiculadas matérias sobre as primeiras edições da Mostra. Já que é para começar pelo começo, com a palavra, Francis Wilker:


"Para nascerem os sonhos necessitam de mãos dedicadas, por isso, não poderia deixar de registrar aqui os nomes dos ex-alunos Daniela Gonçalves, Nalva Sysnandes, Tiago Nery, Luciana Amaral, Josuel Junior e da ex-funcionária Celeste Silva, que ajudaram a construir esses espaços onde tantas cenas se criam, re-criam e realizam o seu destino final: o mágico encontro com o público. A todos que ajudaram a construir essa história, a minha singela gratidão" - FRANCIS WILKER, um dos idealizadores.


A Mostra Dulcina teve início em 2005 e com o passar dos anos foi se consolidando como um espaço de aprendizagem e difusão cultural. Se, por um lado, ela oportuniza ao estudante de teatro vivenciar todas as etapas de seu fazer artístico até o esperado contato com o espectador, por outro, possibilita à população em geral apreciar gratuitamente uma diversidade de espetáculos teatrais ao final de casa semestre letivo. Uma experiência marcada pela ideia de experimentação, pela tentativa, pelo risco e pela busca de novas possibilidades de fazer-ensina-refletir-aprender sobre o teatro contemporâneo. Atualmente, a mostra está em sua 31ª Edição - a primeira no formato on-line, em decorrência da pandemia do COVID-19. Mas você sabe como tudo começou?

Capa do raro livro Metamorfoses da Cena - Acervo Pessoal de Josuel Junior

A 1ª Mostra Dulcina começou tímida, mas cheia de inventividade. Não quer dizer que antes não havia apresentação de espetáculos dos atores em formação. Essa prática existe desde a criação do curso de Artes Cênicas. O nome "Mostra Dulcina", bem como o argumento e o projeto acadêmico com o formato que conhecemos hoje é que passou a existir a partir de 2005. Ex-alunos da instituição, como Andre Amaro, Marcelo Sabak, Preto Rezende, por exemplo, já compartilharam fotos de apresentações que datam da década de 1980.


Na primeira edição do que conhecemos hoje como "Mostra Dulcina", foram apresentadas as obras "Relicário", com direção de Francis Wilker e Silvia Paes; "Eu, Você, Gregos e Troianos", com direção de Adriano e Fernando Guimarães; Moliére e suas ridículas", com direção de Míriam Virna e "A Ratoeira", com direção de Adriana Lodi. Aliás, o título "a ratoeira" é tão forte que batizou o subsolo do Teatro Dulcina por muitos anos... Algumas turmas se apresentavam nos teatros, nos corredores ou "na ratoeira".


"Nós montamos A Farsa da Boa Preguiça, Hamlet (A Ratoeira), O Rinoceronte (Os Paquidermes), As três Irmãs (Um exercício para Tchekhov), Bodas de Sangue e Revolução das Mulheres. Todas as adaptações foram feitas num processo de criação coletiva com a turma onde, após uma série de seminários teóricos e aulas expositivas, tentávamos dar nossa leitura e digestão dessas obras primas em nosso contexto sociocultural. Posso dizer que foram árduos exercícios que me possibilitaram, enquanto artista e professora, desbravar, provocar, me alimentar com muita liberdade de tudo aprender" - comenta ADRIANA LODI.

Eu, você, gregos e goianos: Foto de Danton Camargos/ Moliére e suas ridículas: Foto de Alexandre Magno/ A Ratoeira: Foto de Alexandre Magno/ Relicário: Foto de Thiago Sabino

Já a 2ª Mostra Dulcina contou com as apresentações de "O Fantástico Mundo dos Eletrodomésticos", musical com direção de Míriam Virna; "Um exercício com Tchekhov", com direção de Adriana Lodi; "Arlequim e a Estalajadeira: Quiproquós amorosos em casa de Goldoni", dirigido por Bárbara Tavares; "Aquilo que serve de lembrança", dirigido pelos Irmãos Guimarães; "A Construção", dirigida por Graça Veloso e "Yerma", dirigida por Túllio Guimarães.

A Construção: Autor Desconhecido/ O Fantástico Mundo dos Eletrodomésticos: Foto de Reinaldo Ferrigno/ Um exercício com Tchekhov: Foto de Alexandre Magno/ Arlequim e a Estalajadeira: Foto de Marcelo Dischinger

"A experiência de encenar no âmbito acadêmico talvez seja entre os mais complexos exercícios que se vivencia no ensino das artes cênicas. Lembro-me da primeira turma em que trabalhei em 200. Eram 25 estudantes me olhando como se eu soubesse dali em diante tudo que iria acontecer. Eu, por outro lado, me sentia como se estivesse em meio a uma sinfonia de corpos e vozes desencontradas, que eu não sabia exatamente como iria orquestrar. Daí o tempo foi passando, eu fui buscando em tudo o que havia aprendido na Universidade, nas experiências como atriz e encenadora, fui criando junto com os estudantes uma atmosfera de grupo, uma rotina de experimentações e de treinamentos que acabaram por gerar o resultado cênico" - BÁRBARA TAVARES.

Aquilo que serve de lembrança: Foto de Dalton Camargos/ Yerma: Autor Não Identificado/ Um exercício com Thekhov: Foto de Alexandre Magno

"A Mostra Dulcina de Teatro abriu as janelas, escancarou as portas e avisou à população do F que o maior sonho da atriz resplandecia como naqueles idos dos anos 1950. A ideia de criar um mosaico com as produções acadêmicas deu uma guinada na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, nascida para ser 'um centro irradiador de talentos', como gostava de afirmar sua criadora. De repente, o CONIC passou a respirar ofegante e agitado, com filas para assistir às produções estreladas por alunos e concebidas por professores, como Adriano e Fernando Guimarães, Adriana Lodi, Míriam Virna, André Amaro, Bárbara Tavares, Francis Wilker, Túllio Guimarães, Giselle Rodrigues - só para citar alguns dos profissionais que orientaram os trabalhos" - lembra SERGIO MAGGIO.


Ao longo da semana, você poderá conhecer/relembrar um pouco da trajetória desse evento que ajudou a formar dezenas de artistas do Distrito Federal. As peças da Mostra Dulcina foram ficando audaciosas, ousadas e com grandes produções com o passar do tempo. Estudantes do bacharelado e da licenciatura inovaram a casa semestre com espetáculos que chegaram a sair do ambiente acadêmico, ganhando os palcos de Brasília, do Brasil e de países da América Latina. Quer saber mais? Fique ligado no Portal Conteúdo... Amanhã tem mais!


*As entrevistas, comentários e fotos presentes nesta série de reportagens tiveram como base as 112 páginas do livro "Metamorfoses da Cena - inventário Cênico da Mostra Dulcina e Festival Dulcina de Cenas Curtas", 2010. As opiniões expressas nos artigos usados na matéria, tanto como reprodução integral, quanto em trechos parafraseados, são de responsabilidade exclusiva de seus autores.

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