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"HAMLET: 16 X 8" REESTREIA NO TEATRO SÉRGIO CARDOSO

Autobiografia de Augusto Boal, “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas” é o mote do solo de Rogério Bandeira com direção de Marco Antonio Rodrigues.

Foto: Pio Figueiroa

O espetáculo Hamlet: 16 x 8, interpretado por Rogério Bandeira, com direção de Marco Antônio Rodrigues, faz temporada presencial e digital no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte. A obra cênica foi concebida a partir de trechos da memória e da experiência relatada pelo diretor e dramaturgo Augusto Boal no livro “Hamlet e o Filho do Padeiro: Memórias Imaginadas”.


A programação faz parte da iniciativa Teatro Sérgio Cardoso Digital, que oferece ao público a opção de assistir aos espetáculos de casa a partir de gravações realizadas no próprio espaço. Iniciada em 2021, a proposta se expande em 2022, com a exibição de mais espetáculos e de linguagens artísticas que dialogam com essa nova realidade no setor cultural.

No palco, o escritor e encenador é personagem e figura quase mítica. A cena vai peneirando os achados, os ditos e os quereres de Boal representando toda uma geração do teatro brasileiro refundada no Teatro de Arena. Os ecos vão ganhando materialidade - tempos, geografias e subjetividades são presenças que invadem o imaginário contemporâneo, brasilidades sublinhadas.


Coincidências permeiam esse encontro. Marco Antonio Rodrigues na década de 80 foi ator do Bando, uma das principais referências do teatro de grupo paulistano, liderado pelo dramaturgo Plínio Marcos, muito próximo a minha família: amigo - irmão de meu pai, que era advogado criminalista e liberou alguns de seus textos durante a ditadura militar. Minha mãe também assinou alguns figurinos do Bando. Marco Antonio Rodrigues, parceiro fiel de Plínio Marcos, tornou-se um dos principais e mais combativos diretores do teatro brasileiro.

Mais de uma década depois, em 1995 fui aprovado por Marco Antonio Rodrigues no teste para a produção de um espetáculo com livre adaptação de Reinaldo Maia, inspirada na obra de Thèophile Gautier: “Le Capitaine Fracasse”, que na década de 90, cinemas no mundo todo lotaram pelo sucesso retumbante que o filme A Viagem do Capitão Tornado, de Ettore Scola, causou. A obra fala sobre as dificuldades e superações de uma trupe ambulante, pelas estradas de terra da França, no século 17, desejosa por se apresentar na capital Paris. Nosso espetáculo não teve o mesmo sucesso retumbante do diretor italiano, mas o público que assistiu comenta até hoje sobre a contundência poética e inspiradora de 4 atrizes e 5 atores em cima de uma carroça. Levava o nome de: Verás que tudo é mentira, e inspirou a formação de outros grupos teatrais paulistanos.

A partir deste trabalho, nossa ligação solidificou-se e em 1997, junto com outros parceiros e parceiras, fundamos a Cia. Folias D’Arte. Ainda hoje, formadora e importante referência como grupo teatral de São Paulo.

Pouco tempo após a fundação do Folias, me afastei para novos rumos e possibilidades, sem perder o cordão umbilical com toda a experiência adquirida, principalmente quanto a importância da coletividade na arte. Marco Antonio continuou por anos como a principal liderança da companhia, inovando e combatendo artística e politicamente o cenário teatral, sem nunca perder o sentido democrático.

O Brasil era até 64 uma sociedade em formação: 64 aborta o corpo social. Isto permanece até hoje, com ênfase nesta disformidade que se reatualiza a partir de 2013 numa violência explicitada pelas desigualdades de todas as ordens desde a má distribuição de renda, passando pelas reiterações dos problemas congênitos oriundos da escravidão, do patriarcalismo, da hegemonia do mercado e da indústria cultural como forma de alienação dos conceitos de nação e de povo.

À guerra cultural instalada, o conservadorismo tenta se impor aos costumes. Em luta com as formas libertárias e humanistas consolidadas nos últimos anos. Ambiciosa e modestamente esse universo em disputa é o que tentamos pôr em cena nesse Hamlet: 16 x8.

Sobre o Teatro Sérgio Cardoso Digital

Em 2022, o Teatro Sérgio Cardoso reforça a proposta de transmitir as sessões das temporadas presenciais em cartaz no espaço para que o público assista de casa. O projeto, criado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte, tem como objetivo principal democratizar o acesso à cultura a públicos variados, de outras cidades, estados e países, além de oferecer ao público da capital do Estado de São Paulo a alternativa de assistir aos trabalhos de forma remota. A ação também prevê a apresentação de temporadas exclusivamente digitais.

A maior parte das gravações são realizadas com antecedência nos palcos do próprio Teatro Sérgio Cardoso, viabilizando as transmissões. Além disso, segue em curso a programação da #CulturaEmCasa, plataforma de conteúdo cultural gratuito, criada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pela Amigos da Arte, que oferece centenas de eventos artísticos em diversas linguagens, como dança, teatro, música e performance.

PROGRAME-SE Hamlet: 16 x 8

Local: Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno (Rua Rui Barbosa, 153 - Bela Vista) Teatro Sérgio Cardoso Digital - Transmissão pela Sympla Streaming

Temporada: De 28 de janeiro a 20 de fevereiro de 2022

Presencial: sextas, sábados e domingos, 19h

Digital: sábados, 19h

Ingressos:

Presencial - R$ 20 (inteira) – R$ 10 (meia entrada)

Digital - R$ 15, R$ 10 e R$ 5 (contribuição social)

Compras pelo site https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosergiocardoso/

Atenção à diferenciação entre os ingressos para a temporada presencial e a digital. A sala de transmissão digital abre com 15 minutos de antecedência. É recomendável acessá-la antes do horário de início da apresentação.

Duração: 90 min Classificação indicativa: 14 anos


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