EXPOSIÇÃO COM OBRAS DA ARTISTA SUL-COREANA AYOUNG KIM
Com curadoria de Solange Farkas, a exposição reúne obras inéditas e recentes de Ayoung Kim, nas quais a artista reflete sobre a história moderna sul-coreana, a degradação do meio ambiente, migração, entre outras questões latentes da contemporaneidade.

Oxbow Lake Time é a segunda exposição do projeto Anthropocene: Korea x Brazil 2019 – 2021, fruto da parceria entre a Associação Cultural Videobrasil e o Ilmin Museum of Art, com apoio do Arts Council Korea (Arko Fund)
A ideia de um mundo em que humanos substituíram a natureza como força ambiental dominante na Terra permeia o conceito de Antropoceno, termo proposto em 2015 pelo químico holandês Paul Crutzen. Esse pensamento é, também, um dos fios condutores da obra da artista sul-coreana Ayoung Kim, um dos nomes mais proeminentes da cena artística de seu país, que sintetiza em obras de formalização rigorosa sua pesquisa em torno da biopolítica e controle de fronteiras, a inteligência artificial, a origem ancestral e o futuro iminente.
Um recorte recente e inédito do trabalho de Kim será exibido na mostra Oxbow Lake Time – Anthropocene: Korea x Brazil 2019-2021, em cartaz de 1 a 28 de fevereiro na plataforma Videobrasil Online (https://videobrasil.online/).
O título da mostra, que em português significa Lago em ferradura, indica um trecho sinuoso do rio que, por causas naturais, se separa do curso principal e forma um corpo de água isolado. Esse acidente geográfico – e comum no Brasil – é usado pela artista como uma metáfora do estado atual que atravessamos. “Os lagos em ferradura são como uma parte seccionada de um corpo. Representam uma condição de restrição e de isolamento, mas, ao mesmo tempo, algo em potencial”, explica Ayoung Kim em vídeo-depoimento para a plataforma.
O recorte curatorial evidencia a produção de Kim realizada entre 2010 e 2021. São obras em vídeo, de qualidade cinematográfica, nas quais a artista mescla ficção e realidade, como At the Surisol Underwater Lab (2020). O filme se passa em um futuro próximo, cerca de uma década após a pandemia global do Covid-19, e traz um mundo tomado pelo esgotamento de recursos naturais, onde os biocombustíveis verdes tornaram-se a principal fonte de energia das sociedades.
Com Porosity Valley 2: Tricksters Plot (2019), Ayoung Kim sugere um mundo e uma mitologia alternativas para as migrações de todo tipo do século 21. A artista sobrepõe migrações de refugiados e digitais, ambas características do mundo contemporâneo, e questiona as formas de existir e as formas de representar dos refugiados iemenitas que chegaram recentemente à Coreia do Sul. É uma reflexão acerca do estado de coisas no qual refugiados são tratados como uma espécie de disfunção ou vírus que ameaça o estado-nação.

Oxbow Lake Time é a segunda exposição do projeto Anthropocene: Korea x Brazil 2019 – 2021, fruto da cooperação entre a Associação Cultural Videobrasil e o Ilmin Museum of Art, com apoio do Arts Council Korea (Arko Fund). A parceria celebra seis décadas de relações diplomáticas entre Brasil e Coreia do Sul e acontece em consonância com o enfoque dado há mais de 30 anos pela Associação Cultural Videobrasil à produção artística do chamado Sul Global – termo referente a países ou grupos marginalizados no quadro geopolítico global.
A estreia do projeto se deu em 2019 com a mostra Dear Amazone, the Anthropocene: Brazil x Korea, organizada no Ilmin por Juhyun Cho, curadora-chefe do museu, com colaboração de Solange Farkas, e obras de artistas brasileiros como Jonathas de Andrade, Cinthia Marcelle, Mabe Bethonico, Lucas Bambozzi, João GG, Thiago Martins de Mello e Alexandre Brandão. A segunda exposição, com trabalhos de artistas coreanos, estava prevista para ser realizada em 2020 presencialmente no Brasil, mas teve de ser adaptada para o online em função da pandemia de Covid-19.
A individual de Ayoung Kim é a quarta exibida no Videobrasil Online. Inaugurada em setembro do ano passado, a plataforma já apresentou o documentário Abdoulaye Konaté – Cores e Composições, filme dirigido por Juliano Salgado que trata da trajetória artística de Abdoulaye Konaté, um dos mais destacados criadores da África Subsaariana; a mostra Sacudimentos, do artista Ayrson Heráclito; e a exposição coletiva Anthropocene: Korea x Brazil 2019-2021, realizada em parceria com a ARKO Fund (Arts Council Korea), com seleção de obras organizada por Juhyn Cho e seis dos principais nomes da cena artística sul-coreana: Hayoun Kwon, Sanghee Song, Eunji Cho, Jeamin Cha, Minjung Song e Ji Hye Yeom.
PROGRAME-SE
Oxbow Lake Time – Anthropocene: Korea x Brazil 2019-2021, individual da artista sul-coreana Ayoung Kim Local: Videobrasil online (https://videobrasil.online/) Curadoria: Solange Farkas Período expositivo: 1 a 28 de fevereiro