O espetáculo convida o público a imaginar o que é ser cidadão no Brasil e imaginar novos caminhos para o país. Em cena, estão os atores Pedro Monteiro e Karina Duarte Puri
O que muita gente não sabe e alguns livros escondem é que coube a uma mulher assinar o documento oficial que deu a Independência ao Brasil. Em 02 de setembro de 1822, dias antes da proclamação por Dom Pedro I, foi Maria Leopoldina quem deliberou a nossa separação de Portugal. Uma mulher apagada pela dita história oficial foi o ponto de partida do espetáculo “Maria Leopoldina – Pedras, Perdas e Partos” faz uma circulação por diferentes pontos da cidade e de Niterói. Com idealização de Pedro Monteiro, dramaturgia de Gabriela Estevão, Gabriel Morais e mariah miguel e direção de mariah miguel, a peça se debruça sobre as próprias contradições na trajetória da imperatriz para levantar discussões sobre o Brasil, que envolvem questões identitárias de gênero e raça, reconhecendo suas diferenças e contradições.
O espetáculo também convida o público a imaginar outros Brasis – a ideia é reconhecer o passado e o presente do país, repletos de violências e belezas, mas pensar e propor maneiras de se construir outros futuros. A montagem tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2, que trata do bicentenário da independência do Brasil, e conta com o fomento da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do FOCA 2022 (Edital de Fomento à Cultura Carioca).
“Maria Leopoldina -- Pedras, Perdas e Partos” é uma peça em nove tempos que une em cena duas pessoas brasileiras extremamente diferentes entre si – o ator Pedro Monteiro e a atriz Karina Duarte, da etnia Puri – para compartilhar suas singularidades e coletividades. A diretora mariah miguel conta que sua formação como artista foi influenciada pela obra da performer e teórica da performance Eleonora Fabião. A partir dessa influência, seus trabalhos procuram sempre ser propositivos e nunca reativos. Para a construção deste espetáculo, também estudou obras do líder político yanomami Davi Kopenawa, do líder indígena e ambientalista Ailton Krenak e do escritor Laurentino Gomes.
“A gente se interessa pelas contradições e encruzilhadas, e acho que olhar para Leopoldina nos inspira a esquivar de uma perspectiva maniqueísta, única, de bom-mau, certo-errado. Queremos torcer e revelar essas contradições. Mas queremos fazer isso para sonhar outras possibilidades de Brasil que não se prendam à culpa cristã, à culpa branca, à culpa masculina, às culpas, enfim... O sonho é a perspectiva propositiva. Escapar à armadilha de ficar só reagindo às violências, mas propor encontros, danças possíveis, alegrias possíveis, belezas possíveis. Possíveis e impossíveis”, descreve mariah.
A indígena Karina Duarte, da etnia Puri, que foi formada pelo Grupo de Teatro Nós do Morro, da Comunidade do Vidigal, agora faz sua estreia em um espetáculo de teatro profissional ao lado de Pedro Monteiro, que idealizou o projeto. “Em 2021, eu visitei o arquivo nacional e achei o documento oficial da independência do Brasil, assinado por Maria Leopoldina. Fiz uma pesquisa mais abrangente sobre os apagamentos das mulheres da história, que foi um gatilho para a construção do nosso espetáculo. Queremos questionar esse lugar de privilégio e hegemonia até hoje ocupado pela masculinidade branca na sociedade brasileira”, explica Pedro Monteiro.
Karina Duarte Puri lembra que a peça acompanha o entendimento de que não se pode mais falar na história do país sem falar dos povos originários e lembra a importância da criação do Ministério dos Povos Indígenas. “A peça mostra o apagamento dos tempos da Coroa e esse Brasil que invisibiliza as mulheres, mesmo as que são fundamentais para a histórias do país. Também tem uma narrativa construtiva da diversidade indígena brasileira, que existe em todos os espaços da sociedade, em um território que também é nosso. Somos mais de 305 povos indígenas com, pelo menos, 274 línguas. Nossa diversidade é silenciada e, ao mostrar essa pluralidade, propomos um despertar em diferentes esferas da sociedade”, conclui Karina.
QUEM FAZ
Dramaturgia: Gabriela Estevão, Gabriel Morais e mariah miguel a partir do texto de Gabriela Estevão
Direção: mariah miguel
Diretor assistente: Gabriel Morais
Elenco: Karina Duarte Puri e Pedro Monteiro
Cenário e figurinos: Dóris Rollemberg
Iluminação: Joao Gioia
Direção Musical: Renato Frazão
Pesquisa histórica: Gabriela Estevão
Consultoria contracolonial: Pietra Dolamita / Kowawa Kapukaja Apurinã
Designer Gráfico: Davi Palmeira
Fotos de divulgação: Beto Roma
Assessoria de Comunicação: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Direção de Produção: Dani Carvalho (Desejo Produções)
Realização: Pedro Monteiro
PROGRAME-SE
Maria Leopoldina – Pedras, Perdas e Partos
Temporada: 08 a 30 de março
Teatro Municipal Café Pequeno: Av. Ataulfo de Paiva, 269 – Leblon, Rio de Janeiro – RJ
Telefone: (21) 3085-0662
Dias e horários: quartas e quintas, às 20h
Lotação: 100 lugares
Duração: 1h
Classificação: livre
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada)
Venda de ingressos: na bilheteria e no site Sympla: https://www.sympla.com.br/evento/maria-leopoldina-pedras-perdas-e-partos/1892541
Funcionamento da bilheteria: abertura 1 hora antes do início do espetáculo
Circulação:
Dia 10/03, às 19h. Grátis
Arena Carioca Jovelina Pérola Negra (Pavuna)
Endereço: Praça Ênio, s/n - Pavuna, Rio de Janeiro - RJ, 21520-410
Telefone: (21) 2886-3889
Capacidade: 300 pessoas
Dia 11/03, às 19h. Grátis
Arena Carioca Fernando Torres (Madureira)
Endereço: R. Bernardino de Andrade, 200 - Madureira, Rio de Janeiro - RJ, 21550-090 / (Entrada Portão 4 do Parque Madureira)
Telefone: (21) 3496-0372
Capacidade: 320 lugares
Dia 17 e 18/03, às 19h. Grátis
Centro Cultural de Artes Escuola Di Cultura (Niterói)
Endereço: Av. Pres. Roosevelt, 1063 - São Francisco, Niterói - RJ, 20020-010
Telefone: (21) 3629-1063
Capacidade: 70 pessoas
Dia 20 e 21/03, às 19h30. Grátis
Museu da Maré
Endereço: Av. Guilherme Maxwel, 26 - Maré, Rio de Janeiro - RJ, 21040-212
Telefone: (21) 3868-6748
Capacidade: 100 pessoas
Dias 03 e 04/04, às 20h. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada)
Teatro Glaucio Gil
Endereço: Praça Cardeal Arcoverde, s/n - Copacabana, Rio de Janeiro - RJ, 22040-030
Telefone: (21) 2332-7904
Capacidade: 152 pessoas
Comments